O Encontro Nacional de 20 anos de Educação do Campo e Pronera terminou nesta sexta-feira, dia 15, com a leitura e aprovação do manifesto político em favor da educação pública do campo pela plenária. O documento foi construído por movimentos sociais, sindicais e estudantis do campo, da floresta e das águas durante sucessivas rodadas de discussões em grupos de trabalho.
O manifesto destaca as conquistas nas últimas duas décadas, mas, sobretudo, projeta os compromissos de toda a comunidade rural para a democratização da educação do campo. “Queremos que as escolas e universidades não tenham muros ou cercas ideológicas. Lutaremos pelo conhecimento ilimitado”, ressaltou Clarice Santos, representante do Fórum Nacional de Educação do Campo (Fonec).
Os movimentos estudantis também redigiram uma carta de apoio ao ex-presidente Lula. Nela, os estudantes reconheceram e agradeceram o empenho de seu governo para dar oportunidades de aprendizado ao povo brasileiro e reafirmaram que “suas ideias continuam vivas em cada um dos jovens, adultos, mulheres, homens, trabalhadores e trabalhadoras e em todas as comunidades tradicionais”.
Voz do povo do campo
Durante o encerramento das atividades do Encontro Nacional foi dada a palavra aos participantes para que pudessem se expressar com ideias ou denúncias. Foi o que Maria Barros, secretária de Políticas Sociais da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Piauí (Fetag-PI). A dirigente sindical se emocionou ao revelar a dor de uma mãe que viu o seu filho ser ameaçado por seguranças do reitor da Universidade Federal do Piauí.
“Meu filho e mais 200 pessoas dos movimentos sociais estudantis ocuparam a reitoria da universidade para cobrar do reitor a não publicação do edital de abertura de mais vagas para o curso de licenciatura em Ciências da Natureza. Um dos seguranças apontou uma arma para ele. É uma sensação de impotência grande, mas nada de grave aconteceu com ele e conseguimos ocupar o lugar. Depois de três horas de diálogo, o reitor publicou o edital. Foram 250 vagas, 50 em cada uma dos cinco campus do estado”, contou Maria Barros.
“Tenho muito orgulho do que meu filho se tornou. Temos que resistir sempre. A educação do campo, como o nosso grito de ordem diz: é direito nosso e obrigação do estado. Não dá pra abrir mão de nada e nunca podemos nos conformar com o que já temos. É comemorar as conquistas e cobrar mais”, completou a dirigente da Fetag-PI.
Fonte: CONTAG |
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