Foto Fabrício Martins |
A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2018, comparada com a LOA de 2017, teve um corte de R$ 4,3 bilhões nos recursos destinados às políticas direcionadas aos trabalhadores e trabalhadoras rurais. A CONTAG fez um levantamento e trazemos abaixo os principais impactos separados por áreas.
Política
Agrícola – Os maiores cortes foram na Política de Fortalecimento e Dinamização
da Agricultura Familiar, que perdeu R$ 3,98 bilhões, impactando principalmente
nos recursos para o crédito do Pronaf e assistência técnica. Os cortes também
foram expressivos nos recursos destinados às políticas de comercialização,
formação de estoques reguladores e garantia de preço dos produtos.
O
Programa de Segurança Alimentar e Nutricional e a Política de Desenvolvimento
Territorial, que já contavam com orçamento reduzido, frente as suas
necessidades, para 2018 terão cortes expressivos de 26,8% e 28,8%,
respectivamente, diminuindo em muito o seu alcance e ações de combate à pobreza
e de inclusão das populações em situação de vulnerabilidade. Para exemplificar,
o programa Cisternas, que é fundamental para amenizar o problema da seca na
região do semiárido nordestino teve um corte de 84% do orçamento comparado com
2017.
Política
Agrária – A Reforma Agrária será duramente prejudicada ao não ser priorizada
pelo governo federal e nem pelo Congresso Nacional. Os recursos aprovados para
a obtenção de terras são tão irrisórios que não conseguem dar conta dos
processos já em andamento. Para a assistência técnica, chegam a aproximadamente
10% da demanda. O crédito fundiário terá um montante pequeno para SIC
(investimentos). Já os valores para desenvolvimento de assentamentos e
organização da estrutura fundiária estão sendo utilizados fundamentalmente para
titulação das áreas.
Meio
Ambiente - partimos de uma primeira proposta de R$ 199 milhões para R$ 343
milhões a serem aplicados em medidas de redução dos efeitos decorrentes da
mudança do clima; produção e consumo sustentáveis; recursos hídricos;
conservação e uso sustentável da biodiversidade; manejo, educação e
fiscalização ambiental; política de resíduos sólidos. O programa Bolsa Verde
foi extinto.
Políticas
Sociais – as ações para defesa e proteção de crianças e adolescentes;
implantação de escolas e manutenção de educação infantil, fomento à graduação,
pós graduação, ensino, pesquisa e extensão; Pronatec; Pronera e saneamento
rural saíram de R$ 921 milhões para R$ 1,5 bilhão. Entretanto, a demanda do
Pronera era de R$ 34,5 milhões e conta apenas com R$ 8,9 milhões.
Mulheres
- o apoio à organização econômica e promoção da cidadania de mulheres rurais
tinha dotação de R$ 3,2 milhões e o governo apresentou nova proposta com R$ 5,1
milhões, mas o Congresso Nacional reduziu esse valor para R$ 3,5 milhões. A
promoção da igualdade e enfrentamento à violência saiu de R$ 23 milhões para R$
77 milhões (em relação à proposta inicial, o governo aumentou R$ 13 milhões e o
Congresso R$ 40 milhões). Economia solidária tinha R$ 500 mil e passou para R$
14 milhões.
Jovens
- as ações de juventude em geral melhoraram seu orçamento a exemplo do
gerenciamento das políticas de juventude que saiu de R$ 9,5 milhões para R$
21,1 milhões. Infraestrutura para esporte educacional, recreativo e de lazer
associado a apoio a projetos nessa área saiu de R$ 32 milhões para R$ 912 milhões.
Contudo, é preciso destacar: a ação “Funcionamento do Conselho Nacional de
Juventude” foi extinta, isso implica dizer que o conselho agora passará a estar
de forma genérica possivelmente contemplado na ação “Funcionamento dos
Conselhos e Comissões da Presidência da República”.
Terceira
Idade - apoio a iniciativas de inclusão de digital (R$ 12 milhões), promoção e
defesa dos direitos da pessoa idosa (R$ 3 milhões) passaram a contar
respectivamente com R$ 53 e R$ 7 milhões.
Cooperação
Internacional - participação da sociedade civil, cooperação com países de
língua portuguesa e países membros de organismos regionais africanos contam
juntos com R$ 7,2 milhões.
Estes
cortes no orçamento de 2018 só não foram maiores graças à ação do movimento
sindical e entidades parceiras do campo unitário. Foram apresentadas propostas
para recomposição do orçamento de 77 ações que foram priorizadas pela
abrangência e impacto no desenvolvimento da agricultura familiar. Na proposta
inicial do governo federal enviada ao Congresso Nacional, no dia 31 de agosto,
estas ações tinham valor total de R$ 7,67 bilhões. Após negociação com os
ministros do Planejamento, Dyogo Oliveira, e da Casa Civil, Elizeu Padilha, no
dia 18 outubro, os mesmos reconheceram que muitas ações estavam bastante
prejudicadas no orçamento e o montante da PLOA 2018 saltou para R$ 9,12
bilhões. A partir das negociações no Congresso Nacional com a Comissão Mista do
Orçamento (CMO), Comissões Setoriais e Bancadas Estaduais aumentou em R$ 1,16
bilhão, totalizando R$ 10,2 bilhões, considerando políticas diretas e ações nas
quais partes dos seus recursos envolvem também a agricultura
Fonte: CONTAG
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