FOTO: Ricardo Stuckert
O resultado do julgamento do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva na 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) nesta quarta-feira (24), em Porto Alegre/RS, por unanimidade, e com o aumento da pena de 9 anos e 6 meses para 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sem a apresentação de provas e contra as provas produzidas no processo por sua defesa, confirma a tese de que foi um julgamento político, com o objetivo claro de impedir a candidatura de Lula à Presidência da República neste ano.
E não é
só a candidatura de Lula que está em jogo. A elite do empresariado deseja
ampliar o retrocesso iniciado com o golpe de Estado de 2016, com o
impedimento da presidenta Dilma Rousseff, seguido pelo desmonte das políticas
públicas e de ministérios estratégicos, como o MDA, da Previdência Social e
da Secretaria de Políticas para as Mulheres, por exemplo. A próxima tentativa
será a aprovação da “reforma” da Previdência.
Quarta-feira
(24), durante grande manifestação em São Paulo, após o julgamento, novamente
Lula afirmou não ser o dono do triplex, alvo da investigação. “Estou
condenado, outra vez, por um apartamento que não tenho. Se me condenaram, me
deem pelo menos o apartamento. Aí justifica! Já pedi para o Boulos mandar o
MTST ocupar aquele apartamento Já que é meu, ocupem!”, ironiza Lula por conta
da condenação injusta, baseada apenas em indícios a partir de delações
premiadas.
A
própria sentença do julgamento em 1ª instância reconheceu inexistirem provas
de propina OAS/Petrobrás destinada a Lula (Ação Penal nº
5046512-94.2016.4.04.7000/PR, Despacho/Decisão Embargos, pag. 06, item 3.g.,
3º parágrafo). Mas, mesmo assim, Lula foi condenado. Uma demonstração de que
a justiça não está sendo isenta e imparcial com o ex-presidente é o exemplo
do julgamento do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB),
envolvido no esquema de corrupção mais conhecido como “o mensalão mineiro”.
Da data da denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República até a decisão
no Tribunal de Justiça de Minas Gerais se passaram 10 anos. É um caso
idêntico ao do ex-presidente Lula, pois os dois processos foram julgados em
primeira instância. A diferença é a celeridade no caso do Lula e a demora no
outro.
O
presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, lembra que é fundamental
compreender que o ataque a Lula é, na verdade, uma ofensiva muito forte
contra tudo que se conquistou a partir da vitória política do campo
democrático popular no Brasil desde 2003. “É contra todo um ciclo de mudanças
que impactou a melhora de vida de nosso povo, sobretudo o povo pobre, mais
carente, que mais necessitam”, disse Adilson em nota divulgada no Portal da
CTB.
A nota
oficial da CUT também reforça a necessidade de fortalecer a luta contra a retirada
de direitos. “Embora estejam empenhados em destruir os direitos dos
trabalhadores e de seus representantes, eles ainda não conseguiram acabar com
a aposentadoria dos brasileiros. Em 2017, conseguimos barrar a aprovação da
‘reforma’ da Previdência com a maior greve da história, em 28 de abril. E,
vamos parar o Brasil novamente no dia 19 de fevereiro se eles insistirem em
colocar em votação a reforma da Previdência”, destaca a nota.
A
agricultura familiar também sente os impactos do fim de um governo popular,
que priorizava a classe trabalhadora e a produção de alimentos pelos
agricultores e agricultoras familiares. “Diminuíram os investimentos em
educação e saúde com a PEC do Teto; aprovaram a reforma trabalhista, que
precariza as relações de trabalho; diminuíram o orçamento para a agricultura
familiar em 2018, inviabilizando a execução de vários programas e políticas;
e agora querem nos excluir do sistema previdenciário. Precisamos reagir a
essa perseguição contra a classe trabalhadora e contra os movimentos sindical
e sociais”, destaca o presidente da CONTAG, Aristides Santos.
PRÓXIMOS PASSOS
O
advogado do ex-presidente Lula, Cristiano Zanin Martins, disse que “a defesa
vai se utilizar de todos os meios legalmente previstos para impugnar a sentença
porque a decisão condenou uma pessoa que não praticou crime”.
Como a
condenação no TRF-4 foi por unanimidade, existem grandes chances de tentarem
impedir uma eventual candidatura de Lula à Presidência da República, baseada
na Lei da Ficha Limpa. No entanto, o PT lançou oficialmente nesta
quinta-feira (25) a candidatura de Lula durante a reunião da Executiva
Nacional do partido.
A
CONTAG também convoca as suas bases para intensificar a luta contra o
desmonte das políticas, contra as desigualdades e pelo garantia do estado
democrático de direito.
ENTENDA MAIS SOBRE O CASO
O
julgamento do processo contra o ex-presidente Lula no TRF 4ª Região, nesta
quarta-feira (24), rompeu com a obrigação legal de a acusação ter o ônus da
prova contra o acusado e apresentá-la com clareza, a vista de todos.
1 - A
compra de uma cota junto a uma cooperativa habitacional, em 2005, de um
apartamento de 82 m2 em Guarujá (SP), se tornou base da acusação de que
Marisa e Lula estariam escondendo, desde 2005, que receberiam um apartamento
triplex, da empresa OAS – que só assumiu a obra do prédio em 2009. A acusação
diz que teria havido prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
2 –
Para que o processo fosse julgado pelo juiz Moro, a acusação afirmou que o
caso envolveria três contratos da OAS com a Petrobras.
3 –
Essa tese foi desmentida pelo próprio juiz, no processo: "jamais
afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela
construtora OAS nos contratos com a Petrobras foram utilizados para pagamento
da vantagem indevida para o ex-presidente".
4 - A
acusação do crime de corrupção passiva, por lei, precisa identificar se o
agente público recebeu vantagem indevida pelo uso da função pública. Isso
implica afirmar - com clareza e provas – qual o ato de ofício foi praticado
pelo agente público e qual a vantagem que ele recebeu.
5 – Na
sentença, os fatos, em resumo, são descritos assim: a) – Lula praticou atos
de ofícios indeterminados para favorecer a OAS em 2009; b) Em contrapartida,
a OAS deu a ele o apartamento triplex em 2014. O imóvel sempre esteve em nome
e em posse da OAS. A principal prova foi o depoimento do executivo da OAS,
que é réu do mesmo processo, e fez essa declaração buscando negociar
vantagens em delação premiada, junto ao Ministério Público.
As
provas que constam no processo mostram com clareza que Lula não é
proprietário nem possuidor do apartamento. Mostram com clareza que a OAS é
proprietária do imóvel, tem benefício de financiamento garantido pelo imóvel,
que está penhorado em Brasília para garantir dívidas da OAS.
Tudo,
como ocorrido, resta claro o propósito de negar a Lula o devido processo
legal com o propósito único de retira-lo da disputa eleitoral de 2018 e
interferir nas eleições para a Presidência do País.
|
FONTE:
Assessoria da CONTAG - Verônica Tozzi e Ricardo Farani
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O SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS, AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES DE NOVA CRUZ/RN, FUNDADO EM 01/05/1961,TEM COMO OBJETIVO A LUTA NA DEFESA DOS DIREITOS DOS MESMOS POR MAIS TERRA E INCENTIVO A AGRICULTURA FAMILIAR!
terça-feira, 30 de janeiro de 2018
Condenação sem provas e seletividade da justiça colocam em xeque a isenção e imparcialidade do Judiciário brasileiro
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