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Dirigentes sindicais, profissionais de comunicação das Federações, educadores populares: a diversidade do público é uma das riquezas do Curso Nacional de Educação Popular em Tecnologias da Informação e Comunicação, que acontece em Brasília nesta semana – de 15 a 17 de maio. São mais de 70 pessoas que tem como um dos principais objetivos analisar e debater a importância da comunicação para o fortalecimento da luta sindical e, dessa maneira, contribuir para a atualização da Política Nacional de Comunicação do Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares. Outra pauta importante deste curso é a construção de uma rede de comunicadores populares, a exemplo da rede de educadores(as) populares da Escola Nacional de Formação da CONTAG (Enfoc).
A programação do curso incluiu palestras e conversas de especialistas como o presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, a jornalista da Repórter Brasil Ana Magalhães e a representante do coletivo de comunicação Intervozes, Bia Barbosa. Eles trouxeram panorama da comunicação sindical e também a importância da comunicação popular se contrapor às narrativas da mídia comercial que apoia o golpe, o agronegócio e a agenda de retrocessos políticos e sociais impostos pela elite brasileira que se baseia na desigualdade e da pobreza.
Oportunidade para avanço
Para a secretária Geral da Federação dos Trabalhadores(as) Rurais do Estado de Sergipe (FETASE), Cleide Matias de Jesus, o curso veio em um momento muito bom, pois a federação sente a falta de um processo de comunicação consolidado no estado. “Temos um site e grupos no whatsapp, mas não temos divulgado com eficiência nossas ações e nossas conquistas. A partir das discussões realizadas aqui, vamos levar a questão da comunicação para a diretoria e buscar meios para avançar”, afirmou a dirigente.
O educador popular Otávio Cazuza, do município de Pindobaçu (BA), afirmou que o curso é uma grande oportunidade de receber informações que, de acordo com ele, não chegam com clareza na base, além de ter contato com especialistas e companheiros(as) que não vão até a base. Para Cazuza, a rede de educadores(as) populares entende a importância da comunicação para a formação e multiplicação de conhecimento entre os(as) trabalhadores(as) rurais. “Inclusive no último Encontro de Formação da Bahia foi dedicado espaço para a discussão da comunicação, que foi muito interessante”, lembrou o educador.
Exemplo prático
Viviana Ramos, à esquerda, em trabalho de grupo. Foto Lívia Barreto
A assessora de comunicação da Federação dos(as) Trabalhadores(as) Rurais do Estado de Santa Catarina (FETAESC), Viviana Ramos, acredita que um ponto forte do curso é a troca de conhecimentos e experiências entre os(as) representantes dos estados. “É possível perceber que temos desafios semelhantes em todo o País, apesar das diferenças regionais, e todos(as) queremos que a comunicação seja valorizada, pois pode realmente fazer a diferença na luta”, afirma a jornalista, que deu exemplo concreto do poder da comunicação:
“Fiz uma matéria contando a história de uma agricultora que criou a primeira agroindústria de aipim do município de Ituporanga, como resultado do Curso de Mulheres Empreendedoras realizado pela FETAESC. A agroindústria hoje é o principal meio de renda da família e manteve os dois filhos dela no campo, promovendo não apenas o empreendedorismo feminino como também a sucessão rural. Essa história já foi capa em jornal de Santa Catarina, matéria em diversas rádios e blogs, com potencial de ir para a televisão. Isso aumenta a visibilidade da agricultura familiar e do trabalho da federação”, conta Viviana Ramos.
Investimento para o debate de ideias
O curso conta também com a presença de um presidente de federação, Júlio César Mendel, da Federação dos Trabalhadores(as) Rurais do Estado do Espírito Santo (FETAES). Para ele, o evento é importante para a sensibilização dos dirigentes sindicais para o fato que comunicação não é gasto, mas investimento. “Em nosso estado fazemos encontro anuais de comunicação, pois acreditamos que é através da comunicação que chegamos até a base, apresentando nossas bandeiras de luta e também informações que dão a base para as discussões e para a luta”, disse o presidente da FETAES.
A assessora de comunicação da Federação dos Trabalhadores(as) Rurais do Estado de Rondônia (FETAGRO), Luciane Machado, acredita que o curso é importante e necessário pois, para ela, a comunicação tem sido colocada como pauta central no MSTTR - a exemplo das discussões no 12º Congresso Nacional dos Trabalhadores(as) Rurais – mas, na prática, o tema ainda não alcança a base. “Aqui estão presentes não apenas nós jornalistas, que executamos o trabalho de comunicação, mas também dirigentes que são quem decidem politicamente. A presença de educadores(as) populares também é importante para o debate de como construir uma rede forte de comunicadores(as) que vão ampliar o alcance de nossa mensagem”, afirma.
O assessor de comunicação da Federação de Trabalhadores(as) Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado do Ceará (FETRAECE), Janes P. Souza, também acredita na força de uma rede de comunicadores(as). “Se trabalharmos separadamente, seremos engolidos pela mídia tradicional. Mas se trabalhadores(as) e dirigentes se compreenderem como parte de uma rede, como já acontece com a rede da Enfoc, teremos uma oportunidade gigantesca para contrapor os argumentos dos grandes meios de comunicação”, argumenta Janes.
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