As
propostas que estão sendo discutidas pela equipe econômica do governo de
extrema direita de Jair Bolsonaro (PSL-RJ) para a reforma da Previdência,
como o aumento da idade mínima e a capitalização, praticamente acabam com o
direito à aposentadoria de milhões de brasileiros e brasileiras e os mais
pobres serão os mais prejudicados.
Um
dos textos que vem ganhando força junto ao ministro da Economia, o neoliberal
Paulo Guedes, é o do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que
rebaixa os valores dos benefícios dos aposentados, favorece quem consegue
contribuir com um valor maior e prejudica a maioria da classe trabalhadora.
As propostas são piores do que a versão apresentada pelo ilegítimo Michel
Temer (MDB-SP).
Pela
proposta de Fraga, homens e mulheres se aposentariam com 65 anos de idade e
todos teriam de contribuir pelo menos 40 anos para conseguir receber um valor
correspondente ao salário mínimo atual. Os trabalhadores e trabalhadoras que
só conseguirem contribuir de 15 a 35 anos ganhariam entre 70% e 88% do
salário mínimo.
Além
disso, quem ganha acima de R$ 3.800 seria obrigado a investir a parcela que
exceder este teto em capitalização, ou seja, em uma conta individual,
geralmente administrada por bancos ou financeiras, que podem investir o
dinheiro do trabalhador no mercado financeiro.
O
período de transição proposto por Armínio Fraga é ainda mais duro do que a
proposta apresentada pelo ilegítimo Temer, que previa 20 anos para o período
de transição. Segundo o texto em debate, os servidores públicos e
trabalhadores rurais levariam 10 anos de transição para cumprir a exigência
dos 65 anos, os trabalhadores do setor privado 12 anos e os professores 15
anos.
No
caso dos servidores públicos, as propostas apresentadas por Fraga impõem mais
dificuldades para o acesso à aposentadoria, com aumento da alíquota de
contribuição de 11% para até 14%. Eles teriam um período de 10 anos para
fazerem a transição para o regime geral de aposentadoria, com as mesmas
regras dos trabalhadores da iniciativa privada.
A
proposta de Fraga diz ainda que, a partir de um ano de contribuição, um
pequeno percentual é adicionado ao valor mínimo (sem detalhes de como será o
cálculo) e assim sucessivamente até a aposentadoria. Os reajustes serão
feitos com base na inflação anual.
Se
considerarmos os valores do salário mínimo em 2018, os valores mínimos e
máximos (com faixas intermediárias) seriam assim distribuídos, por tempo de
contribuição:
Tempo
de contribuição - Valor mínimo - Valor máximo
15 anos R$ 852,40 R$ 3.667,48 25 anos R$ 877,80 R$ 4.162,06 30 anos R$ 896,85 R$ 4.533,00 35 anos R$ 922,25 R$ 5.027,58 40 anos R$ 954,00 R$ 5.645,80 45 anos R$1.049,40 R$ 6.210,38
Na
proposta apresentada pelo ex-presidente do BC, quem pode pagar somente a
contribuição mínima precisará trabalhar 30 anos a mais para receber o teto,
que é R$ 1.049, o que dá uma diferença de apenas de 29% a mais de quem
trabalhou 15 anos.
Já
quem conseguir contribuir pelo teto máximo por 45 anos, terá um reajuste na
sua aposentadoria de 69%, o que significa que o índice de reajuste de quem
ganha menos e, por isso, só tem condições de contribuir com a alíquota
mínima, é 40% menor do que quem tem mais condições de contribuir.
Regime
de capitalização obrigatório
O
texto define que o regime de capitalização, na qual cada trabalhador terá uma
conta individual, valerá para quem nasceu a partir de 2014 e para quem ganha
a partir de R$ 3.800.
Para
o secretário-geral da CUT-SP, João Cayres, com a proposta da equipe de
Bolsonaro ninguém mais vai conseguir se aposentar no Brasil, somente os ricos
terão vez. “Quem conseguir se aposentar vai ganhar tão pouco que vai precisar
continuar trabalhando”, lamenta.
A
professora de economia e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e de
Economia do Trabalho, Marilane Oliveira Teixeira, completa a avaliação do
secretário da CUT-SP e reforça que essa proposta tem o objetivo de
privilegiar os bancos, que oferecem o regime de capitalização para usar o
dinheiro do trabalhador no mercado financeiro.
“Eles
[os bancos] vão oferecer mundos e fundos e podem não entregar suas promessas.
Se quebrarem, como foi o caso do Japão, da Argentina e pior, como aconteceu
no Chile, que hoje o governo estuda cobrar um novo imposto de 8% de pessoas
físicas para financiar a Previdência, quem perde sempre é o trabalhador”,
diz.
O
mesmo alerta faz o secretário-geral da CUT São Paulo, João Cayres. Segundo
ele, o empobrecimento e a miséria dos idosos chilenos é o resultado do regime
de capitalização que Paulo Guedes, o guru econômico de Bolsonaro, ajudou a
implementar no Chile durante o regime do ditador Augusto Pinochet.
"Agora
ele quer trazer esse modelo falido para o Brasil. No Chile, 90% dos
aposentados ganham, convertidos em reais, pouco mais de R$ 600. Nós não
queremos isso para os brasileiros”, diz Cayres.
É
a mesma crítica que faz a economista Marilane Teixeira. Ela conta o caso de
uma trabalhadora que investiu durante oito anos R$ 70 mil numa previdência
complementar e, com juros e correções, o investimento chegou a totalizar R$
140 mil. Porém, quando o banco ofereceu o resgate, se a trabalhadora optasse
pelo saque total, teria de pagar tantos impostos e taxas que o valor a que
teria direito seria praticamente o mesmo que ela investiu, ou seja, R$ 70
mil. Se ela optasse por sacar a aplicação em 20 anos, o valor a ser resgatado
seria de apenas R$ 400 mensais.
“Quem
investe R$ 70 mil para retirar R$ 400 reais por mês? Isso não é
aposentadoria”, critica Marilane.
“Além
disso, esses fundos podem falir. Se tiver outra crise econômica, eles
despencam e até a voltar a ter rentabilidade demora. Por isso, o melhor
regime de previdência é o público, de repartição”, defende.
Regime
de repartição
No
regime de repartição, como é o caso do Brasil, quem está ativo no mercado
paga os benefícios de quem já se aposentou e todos contribuem – trabalhador,
patrão e governo – com um percentual para garantir a aposentadoria.
Para
Marilane, ao desmontar o regime de repartição, o governo aumenta o déficit da
Previdência porque reduz drasticamente a entrada de receita de contribuições
de pessoas físicas e empresas, e quem vai ter de pagar as aposentadorias é o
próprio Estado.
“Não
dar uma aposentadoria digna após 45 anos de contribuição vai retirar as
pessoas do sistema. Elas vão trabalhar como autônomas, terão dificuldades de
poupar e o governo vai ter de buscar novos recursos para pagar quem se
aposentou pelo atual regime”, avalia a economista.
A
mesma opinião tem o dirigente da CUT São Paulo, João Cayres. Segundo ele, o
melhor modelo previdenciário é o atual regime de repartição, solidário.
“A Previdência também recebe contribuições do Cofins, CSLL, loterias, de patrões e empregados e o governo não vai deixar o aposentado na mão, ao contrário do que pode fazer um banco no caso do regime de capitalização”, avalia. |
FONTE: Portal da
CUT – Rosely Rocha
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O SINDICATO DOS TRABALHADORES RURAIS, AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES DE NOVA CRUZ/RN, FUNDADO EM 01/05/1961,TEM COMO OBJETIVO A LUTA NA DEFESA DOS DIREITOS DOS MESMOS POR MAIS TERRA E INCENTIVO A AGRICULTURA FAMILIAR!
quinta-feira, 17 de janeiro de 2019
REFORMA DA PREVIDÊNCIA Propostas de reforma da Previdência são perversas para a classe trabalhadora
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