FOTO: Nelson Almeida/AFP
Passados mais de cinco meses do primeiro caso da Covid-19 registrado no País em 26 de fevereiro, ontem, 08 de agosto de 2020, o Brasil superou os 100 mil óbitos. O total de óbitos registrados até o momento é de 100.543, com 3.013.369 casos de pessoas infectadas. Não se trata apenas de números. São mais de 100 mil vidas, histórias interrompidas e famílias em luto que deixam igualmente de luto e repúdio toda a nação brasileira, pois poderiam ser evitadas se o governo tivesse se guiado pelas orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e implementado um plano nacional que desse a atenção exigida pela situação, garantindo o direito fundamental à vida.
Essa
política negacionista é conduzida sem diálogo com os demais entes federativos
na construção de uma estratégia articulada para o enfrentamento da pandemia.
Estamos há mais de dois meses sem um ministro titular no Ministério da Saúde e
cinco meses sem um Plano Nacional de Emergência.
A
doença segue avançando e se interiorizando, pondo em risco toda a população,
sobretudo as pessoas mais vulneráveis e desassistidas dos territórios
indígenas, quilombolas, comunidades rurais e nos centros urbanos. O fato de o
governo não seguir as recomendações da OMS e dos profissionais da saúde está
custando vidas, empregos e prejudicando a economia, já em dificuldade antes da
pandemia por conta das medidas ultraliberais de redução dos investimentos
públicos e dos direitos.
A
situação só não é pior porque temos um dos melhores sistemas de saúde pública
do mundo, o SUS, violentamente atacado na sua concepção, serviços e
financiamento após o golpe de 2016 pela Emenda do teto de gastos (EC 95/2016),
que congela os recursos para saúde e educação por 20 anos, pela redução dos
recursos destinados às mesmas áreas conforme previsto na Lei nº 12.351/2010 (a
lei do pré-sal que criava o Fundo Social) e na Lei nº 12.858/2015, a qual
obrigava o investimento de 50%, além do aumento da Desvinculação das Receitas
da União (DRU) de 20% para 30%.
Estimativas
do Conselho Nacional de Saúde (CNS) indicam perdas de R$ 400 bilhões com a EC
95, enquanto o Conselho Nacional de Secretários e Secretárias de Saúde (CONASS)
estima mais R$ 2 trilhões com o novo percentual da DRU para saúde nesses 20
anos. É o SUS o grande responsável por mais de 02 milhões de pessoas
recuperadas com o esforço dos estados e municípios, enquanto o Ministério da
Saúde aplicou apenas 29% dos recursos para combate à Covid-19 de março a julho,
segundo relatório do Tribunal de Contas da União (TCU).
Diante
desse contexto, a CONTAG vem a público cobrar o governo federal a nomeação de
um ministro da Saúde que seja capaz para a adoção e implementação de um plano
nacional articulado nos âmbitos federal, estaduais e municipais, bem como com a
participação dos demais poderes e da sociedade de enfrentamento à pandemia,
garantindo o direito à saúde e à vida, consagrado na Constituição Federal. Ao
mesmo tempo, a Confederação presta a sua homenagem às pessoas vitimadas pela
Covid-19, se solidariza com as mais de 100 mil famílias e amigos(as) em luto –
entre elas de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares – e
com a luta das(os) profissionais de saúde para preservar o direito fundamental
à vida, mesmo estando em risco a sua. A vocês todo o nosso agradecimento em
nome dos povos do campo, da floresta e das águas.
Diretoria da CONTAG
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