No momento em que o Brasil registra mais de 100
mil mortes por covid-19, e o atual governo federal se mostra inoperante
diante do caos provocado pela pandemia, os(as) jovens do campo entregam à
Diretoria da CONTAG e tornam pública para toda a sociedade Documento escrito
a partir dos debates realizados no 1º Festival Juventude Rural Conectada,
realizado de 06 a 08 de agosto de 2020, no Portal e Redes Sociais da CONTAG.
Ao longo dos três dias de festival foram alcançadas mais de 90 mil pessoas
virtualmente.
O Documento destaca os anseios da juventude do
campo para a construção de um mundo novo, com um olhar especial sobre a
importância da participação política da juventude no processo eleitoral,
respeito às diversidades, inclusão e representação política de pessoas
LGBTQIA+ e negras, novas formas de comercialização e a agroecologia, entre
outras questões importantes para o fortalecimento dessa geração do meio rural
brasileiro.
O documento, dirigido a toda a sociedade, foi
lido pela secretária de Jovens da FETAG-BA, Maria Cândida dos Anjos (Cacau) e
pelo secretário de Jovens da FETAG-PI, Marciano Pereira, e entregue
simbolicamente para a Diretoria da CONTAG.
“Esse documento será tratado pela CONTAG,
Federações e Sindicatos com muito carinho e atenção, pois é preciso que a
gente crie condições para que a juventude rural participe, ainda mais, do
Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR) e da
produção da agricultura familiar. A juventude também nos mostra a importância
de realizar grandes eventos de forma virtual, com a possibilidade de
assistirmos falas e experiências sobre temas tão atuais, como: participação
política, respeito às diversidades, vendas online (delivery) e a
agroecologia. Todos os anseios da juventude trazidos no Documento serão
fundamentais para ajudar no diálogo com a base e na articulação com o
parlamento, em defesa das nossas pautas”, firmou o presidente da CONTAG,
Aristides Santos.
Leia a na íntegra o Documento da Juventude Rural AQUI
MESAS DE DIÁLOGOS DO 3º DIA DO FESTIVAL
A entrega do Documento aconteceu logo após os
debates do 3º dia do Festival, que contou com duas mesas de diálogos.
Os Desafios da Prática da Comercialização na
Pandemia
A 1ª mesa “Os desafios da prática da
comercialização na pandemia”, teve como participantes, o secretário de
Política Agrícola e Cooperativismo da FETAEMG, Marcos Vinicius, o presidente
do Sindicato de Santo Antônio da Patrulha - FETAG-RS, Samuel Santos, e o
secretário de Políticas para Juventude da FETAPE, Antônio Neto. A mediação
foi feita pela secretária de Jovens da CONTAG, Mônica Bufon, e a secretária
Geral da Confederação, Thaisa Daiane. Um momento de muitas dicas para a
juventude rural e para o MSTTR!
“Não adianta falar em sucessão rural, se no campo
não tiver geração de renda e trabalho. Precisamos dar oportunidade para que a
juventude comercialize seus produtos. E esse avanço passa pela ação do
cooperativismo, com organização da produção, agregação de valor e
rastreabilidade. Também precisamos nos capacitar para entregar nossa produção
através de aplicativos como o whatsapp. Mas, para isso é necessário que a
juventude tenha acesso à internet e participe do processo de gestão na
propriedade”, pontuou Marcos Vinicius.
“Nosso Sindicato tem trabalhado a assistência
técnica, agroecologia, compras públicas, atendendo mais de 50 escolas da
nossa região, com produções da agricultura familiar. E por conta do atual
momento, temos feito vendas na forma (delivery). A inclusão do acesso às
ferramentas tecnológicas são importantes e necessárias. Precisamos também
compreender e se apropriar de toda a cadeia produtiva. E aproveitar esse
momento de pandemia para dialogar com a sociedade sobre a importância da
agricultura familiar para a segurança alimentar e o desenvolvimento local”,
compartilhou Samuel Santos.
“A juventude pode inovar e valorizar seus
produtos através da divulgação de uma simples foto nas redes sociais. Temos
que usar aplicativos para venda (delivery), comercializar usando o cartão de
crédito ou débito, e disponibilizar número de conta para que consumidor(a)
pague pelos produtos. Por outro lado, o Sindicato tem que abrir espaço para
divulgação dos produtos da juventude (sites, páginas virtuais ou programas de
rádio)”, disse o secretário de Políticas para Juventude da FETAPE.
Um Mundo Novo com Agroecologia
Na 2º mesa “Um mundo novo com agroecologia”,
participaram o agrônomo e coordenador da ONG Centro Ecológico, Laércio
Meirelles, a representante do GT de Juventude da Articulação Nacional de
Agroecologia (ANA), Regilane Alves, e a secretária de Jovens da FETAES, Taíza
Medeiros.
“Precisamos aumentar o nosso diálogo sobre
Agroecologia com os agricultores(as), principalmente os(as) jovens.
Agroecologia não é voltar ao passado, mas é o futuro. Eu me atrevo a dizer
que existe mais inteligência com os princípios da agroecologia, do que com
agricultura tradicional. Necessitamos dialogar com os(as) consumidores(as),
sobre a importância de se consumir produtos orgânicos, e nos articularmos
enquanto organização sindical para alcançarmos um maior número de politicas
públicas voltadas ao fortalecimento de práticas agroecológicas”, Laércio
Meirelles, agrônomo e coordenador da ONG Centro Ecológico.
A secretária de Jovens da FETAES apontou que é
necessário “promover ações para que as pessoas produzam de forma
agroecológica, como: visita a propriedades, oficinas, seminários, produção de
cartilhas, firmar parceiras, ter a certificação dos produtos, dentre outras
estratégias que evidenciem essa forma de produção. Afinal, a Agroecologia é
boa para quem produz e para quem consome, sendo fundamental para a saúde e
preservação ambiental”.
No 2º dia do
Festival, os temas foram “A importância da representação
política da juventude LGBTQIA+” e “Os desafios do racismo e a juventude rural
negra”. E no 1º dia do
Festival, “Eleições de 2020 e os caminhos de superação dos
impactos políticos, sociais e econômicos da pandemia para a juventude rural”
e “Os impactos das notícias falsas para a democracia brasileira”.
Durante os três dias do 1º Festival Juventude
Rural Conectada, além das mesas de diálogos, foram exibidas 25 experiências
de produção e culturais da juventude brasileira, e as Noite Culturais foram
embaladas pelos acordes e animação do cantor Vaguinho.
“Quantas emoções vivemos nesses três dias,
quantos temas que precisam continuar em nossas pautas… Esse 1º Festival da
Juventude Rural Conectada é ao mesmo tempo uma resposta aos desafios e um
retrato do momento em que estamos vivendo. Estamos falando de respeito às
diversidades, estamos falando da luta por internet no campo… Essas são as
marcas desse momento histórico: é isso que estamos vivendo. E a pauta do
movimento sindical tem que estar conectada com a vida real das pessoas do
campo. É claro que neste formato de debate não é possível falar de todas as
questões importantes para a juventude, que são muitas, mas aqui tentamos dar
destaque ao que está pulsando mais forte”, Mônica Bufon, secretária de Jovens
da CONTAG.
ASSISTA A TRANSMISSÃO DA ENTREGA DA CARTA E OS
DIÁLOGOS DO 3º DIA DO FESTIVAL AQUI.
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