Aumento da desigualdade e queda na renda dos brasileiros foram constatadas em pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira (11). Os números do instituto também mostram que aumentou em 11,2% o número de pessoas em situação de extrema pobreza no país. De 13,34 milhões em 2016 passam para 14,83 milhões em 2017.
Por Railídia Carvalho
Para o dirigente metalúrgico Marcelo Toledo o governo de Michel Temer aprofundou a crise brasileira. “Eles não querem gerar emprego, querem manter o lucro deles aumentando a exploração da força de trabalho com a reforma trabalhista e degradação das relações de trabalho”. Na opinião do dirigente, “o que vivemos agora são efeitos iniciais da reforma trabalhista e da terceirização. O pior está por vir”.
“A realidade mostra que, ao contrário do que propagou o governo, a reforma trabalhista não gerou emprego e nem desenvolveu o mercado. O desemprego está aumentando e a pequena porcentagem de empregos precários gerados não significam desenvolvimento”, argumentou Marcelo, que também é diretor de Formação da Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal).
Reforma trabalhista e terceirização enfraquecem economia
Na opinião do sindicalista, as medidas do governo Temer, que sancionou a terceirização irrestrita e a reforma trabalhista, devem aprofundar o quadro recessivo. “Empregos com massa salarial precária não roda a economia. Isso é reflexo direto da reforma trabalhista. Tem ainda a terceirização que abriu a porteira para demitir trabalhador direto e contratar terceiro. Esses reflexos ainda não estão se apresentando na sua plenitude”.
Marcelo comentou o aumento de pessoas em extrema pobreza em um movimento inverso ao registrado nos mandatos do ex-presidente Lula. “Matéria de O Globo de hoje (12) aponta que 55% dos trabalhadores que avançam para a miséria estão no nordeste mas esses números também avançam em São Paulo e no sudeste. É reflexo do desemprego estrutural”, analisou.
Ele contou que na base em que atua como diretor sindical, que é a General Motors de São Caetano do Sul, o número de trabalhadores diminuiu pela metade. “Em três anos rodávamos 8 mil exemplares do boletim da GM, hoje rodamos 4 mil exemplares”, comparou. “O trabalhador com carteira assinada é demitido, passa a ser terceirizado, contratação precária e sem carteira assinada. E com a reforma trabalhista mesmo a carteira assinada passa a ser precária”, lembrou.
O dirigente acrescentou mais um dado: “O golpe atinge fundamentalmente a classe trabalhadora, o povo em geral que depende do trabalho para sobreviver mas começa a bater às portas de parcela do empresariado, principalmente o produtivo, não aquele da ciranda financeira. Contraditoriamente, você tem uma inflação em baixa, taxa Selic em baixa mas não há reflexo no aquecimento da esfera produtiva porque só beneficia o rentismo”, explicou.
Brasil Metalúrgico
Na opinião do dirigente resistir à reforma trabalhista é defender a existência dos sindicatos, estratégica em defea dos direitos trabalhistas. “O governo golpista e do capital quer enfraquecer a resistência dos trabalhadores com o fim da contribuição sindical obrigatória mas temos visto que a Justiça do Trabalho tem decidido em favor dos sindicatos em centenas de ações pelo Brasil confirmando o recolhimento da contribuição”.
Na luta em defesa dos direitos e contra a reforma trabalhista e terceirização irrestrita, os metalúrgicos brasileiros estão organizados no movimento Brasil Metalúrgico, que realiza nova reunião no dia 20 de abril na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.
Criado em agosto de 2017, o movimento reúne sindicatos, federações e confederações ligadas as todas as centrais sindicais brasileiras. Entre as pautas está o combate à reforma trabalhista e a construção de um acordo coletivo nacional para a categoria.
“Ou os trabalhadores se organizam e vamos à luta ou ficamos à mercê dos objetivos da recessão e da reforma que têm na essência aumentar o lucro e aumentar a exploração da força de trabalho”, defendeu Marcelo. Nesse contexto, ele vê a politização do trabalhador como uma das estratégias do movimento sindical mas admite que o desemprego e a recessão amedrontam o trabalhador e ameaçam a resistência.
Lula
Na opinião de Marcelo, a prisão política do ex-presidente Lula pode dar um fôlego na luta do movimento sindical em defesa dos direitos. “Começo a ver populares se manifestante na fila do banco, fila de supermercado questionando a prisão do Lula. Começa a perceber uma dúvida entre os trabalhadores, que outrora influenciados pela mídia tinham críticas, mas que agora questionam porque prendem o Lula e não prendem os outros. Aos poucos começam a fazer uma avaliação dessa perseguição e o movimento sindical precisa explorar no debate com os trabalhadores e denunciar os efeitos do golpe”, enfatizou Marcelo.
Nesta quarta-feira (11), as seis principais centrais sindicais brasileiras anunciaram que realizarão um ato unificado, e inédito, em Curitiba no dia 1º de maio em solidariedade ao ex-presidente Lula, preso político na sede da Polícia Federal na capital paranaense. Confirmaram a participação na iniciativa Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical deTrabalhadores (NCST), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical.
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Do Portal Vermelho
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