Um
mal silencioso e perigoso vem atingindo boa parte das famílias em todo o mundo.
A cada três segundos ocorre uma tentativa e a cada 40 segundos um suicídio é
consumado, apontam dados mundiais. No Brasil, os números também impressionam.
Segundo dados oficiais, são 32 brasileiros e brasileiras que tiram sua própria
vida diariamente, média de uma morte a cada 45 minutos. É um mal que atinge
famílias do campo e da cidade, e não escolhe raça, cor, orientação sexual e
classe econômica.
As
taxas de suicídio já superam a quantidade de vítimas da Aids e da maioria dos
tipos de câncer e a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que também é
significativamente maior que os óbitos por homicídio: 800 mil por ano, contra
470 mil.
O
mais alarmante é que o cenário pode ser pior ainda, pois existem muitos casos
subnotificados. Muitos suicídios são registrados no Sistema de Informação de
Mortalidade do Ministério da Saúde como envenenamento, acidente, intoxicação,
atropelamento, entre outras causas. É por isso que se faz necessário acender a
“luzinha amarela” e ficar alerta.
E
esse alerta foi o que motivou algumas organizações, como a Associação
Brasileira de Psiquiatria (ABP), o Centro de Valorização da Vida (CVV) e o
Conselho Federal de Medicina (CFM), que preocupadas com o aumento de casos de
suicídio em todo o mundo, iniciaram a campanha do Setembro Amarelo no Brasil.
O
Setembro Amarelo é uma campanha mundial de conscientização sobre a prevenção do
suicídio, e tem como objetivo alertar a população a respeito da realidade do
suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção.
A
ABP já se posicionou sobre o tema em várias ocasiões e afirmou que o suicídio é
uma “emergência médica”. Segundo a Associação, quase 100% das pessoas que
tentaram ou que consumaram o suicídio têm quadro psiquiátrico, mas, no entanto,
são transtornos tratáveis com acompanhamento médico. A OMS destaca que 9 em
cada 10 casos poderiam ser prevenidos. No entanto, a pessoa precisa buscar
ajuda profissional ou apoio familiar e a família também precisa estar atenta
aos sinais.
ALGUNS
SINAIS
A
publicação do Ministério da Saúde “Suicídio. Saber, agir e prevenir” explica
que o comportamento suicida indica que a pessoa enfrenta algum sofrimento
emocional ou dificuldade. Mas, há casos em que nenhuma perturbação mental foi
detectada, e sim, situações outras de vulnerabilidade pessoal, econômica ou
social.
O
documento também informa que o fenômeno do suicídio é complexo, influenciado
por vários fatores, e que generalizações de fatores de risco são contraproducentes.
Alguns
fatores de risco são: abuso físico ou sexual; violência baseada em gênero;
violência doméstica; discriminação; perda ou separação dos pais na infância;
ter acesso aos meios de cometer suicídio; instabilidade familiar; ausência de
apoio social; isolamento social; perda afetiva recente ou outro acontecimento
estressante; datas importantes (reações a aniversário); desemprego;
aposentadoria; apresentar dificuldade em lidar com estresses agudos ou crônicos
da vida; ansiedade intensa; vergonha e humilhação (bullying); baixa autoestima;
desesperança; e pouca flexibilidade para enfrentar adversidades. No entanto,
“não há uma ‘receita’ para detectar seguramente quando uma pessoa está
vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida.
Entretanto, um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar
a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses
sinais se manifestam ao mesmo tempo”, explica a publicação do Ministério da
Saúde.
Outros
sinais de alerta são: as pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre
morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperança,
culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro;
também fiquem atentos e não ignorem comentários como "Vou desaparecer”,
“Vou deixar vocês em paz”, “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar”, “É
inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar”; as pessoas com
pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo
menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo
ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que
costumavam e gostavam de fazer.
A
equipe da Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, a
partir de informações dessa publicação do MS, também destacou que a exposição
ao agrotóxico, perda de emprego, discriminação por orientação sexual e
identidade de gênero, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de
autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas
dolorosas ou incapacitantes, entre outros, podem ser fatores que
vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o
suicídio.
Ao
analisar mais de 15 mil casos, a OMS divulgou que 35,8% das vítimas tinham
transtorno de humor; 22,4% eram dependentes químicos; 10,6% tinham
esquizofrenia; 11,6%, transtorno de personalidade; 6,1%, transtorno de
ansiedade; 1%, transtorno mental orgânico (disfunção cerebral permanente ou temporária
que tem múltiplas causas não psiquiátricas, incluindo concussões, coágulos e
lesões); 3,6% apresentavam transtorno de ajustamento (depressão/ ansiedade
deflagradas por mudanças ou traumas); 0,3% outros distúrbios psicóticos, e 5,1%
tinham outros diagnósticos psiquiátricos. Os 3,1% restantes não significam
ausência de doença mental, mas a falta de um diagnóstico adequado.
A
secretária de Políticas Sociais da CONTAG, Edjane Rodrigues, alerta que uma
parcela significativa dos suicídios envolve pessoas do meio rural brasileiro,
resultado do avanço capitalista que gera sofrimento social e causa processos de
autoexclusão. “A prevenção ao suicídio precisa ser repensada, por isso a
CONTAG, Federações e Sindicatos abraçam a Campanha do Setembro Amarelo. Vamos juntos
e juntas vencer os nossos medos, compartilhar sentimentos, lutar por uma
sociedade mais fraterna, justa, igualitária e que valorize a vida!”, ressaltou
a dirigente da CONTAG.
A
CONTAG organizou para esta sexta-feira (14) uma palestra para todos os funcionários(as)
sobre o cuidado com a saúde do trabalhador e da trabalhadora, focando também na
campanha do Setembro Amarelo, na prevenção do suicídio.
INFLUÊNCIA
DE RELAÇÕES PRECÁRIAS DE TRABALHO NA VIDA DAS PESSOAS
Está
muito enganado quem pensa que o ambiente de trabalho não interfere na vida e no
emocional das pessoas. A publicação do Ministério da Saúde também destaca que,
no trabalho, especificamente a prevenção do sofrimento/adoecimento mental pode
se dar, principalmente, pela vigilância e intervenção dos fatores de riscos
psicossociais nas condições e ambientes de trabalho, nos processos produtivos e
nas relações sociais do trabalho.
“É
importante que as organizações busquem reduzir cargas de trabalho excessivas,
exigências contraditórias e falta de clareza na definição das funções; que
incentivem a participação dos trabalhadores na tomada de decisões; que
proporcionem aos trabalhadores o controle sobre a execução do seu trabalho; que
criem metas factíveis aos trabalhadores; que melhorem a comunicação entre
chefia e colegas, no ambiente de trabalho, por meio de uma gestão
participativa, criando assim programas que visem restaurar o respeito e a
cooperação entre superiores, colegas e subordinados”, diz o documento.
COMO
AJUDAR?
Então,
fique atento! Você está precisando de ajuda ou conhece alguém que apresente
alguns dos sintomas apontados acima? Peça ajuda! “Você pode precisar de alguém
que te acompanhe e te auxilie a entrar em contato com os serviços de suporte.
Quando você pede ajuda, você tem o direito de ser respeitado e levado a sério;
de ter o seu sofrimento levado em consideração; de falar em privacidade com as
pessoas sobre você mesmo e sua situação; de ser escutado e ser encorajado a se
recuperar”, explica a equipe da Coordenação Geral de Saúde do Trabalhador do
Ministério da Saúde.
E
uma dica para quem vai ajudar: deixe que a pessoa saiba que você está ali para
ouvi-la e ouça-a com a mente aberta oferecendo seu apoio; incentive a pessoa a
procurar ajuda de profissionais de serviços de saúde, de saúde mental, de
emergência ou apoio em algum serviço público; ofereça-se para acompanhá-la a um
atendimento; se você acha que essa pessoa está em perigo iminente, não a deixe
sozinha.
E
uma informação importante: o SUS oferece amparo e prevenção do suicídio em
todas as unidades de atendimento. Para atendimento especializado, procure o
Centro de Apoio Psicossocial (CAPS) da sua cidade. Vá até o site da prefeitura
ou da Secretaria de Saúde do seu município ou do Distrito Federal e localize o
posto mais próximo de você. O Centro de Valorização da Vida (CVV) também é
parceiro do SUS na prevenção do suicídio; ligue 188 (ligação
gratuita) ou acesse https://www.cvv.org.br/.
As
Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde); UPA
24H, SAMU 192, Pronto Socorro; e Hospitais também estão preparados para ajudar.
Mais informações sobre a campanha Setembro Amarelo: http://www.setembroamarelo.org.br/. |
FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi |
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