domingo, 31 de março de 2019

Reforma de Bolsonaro vai aumentar de 3% para 70% percentual de idosos miseráveis

O professor garante que não há necessidade de reforma, bastam "ajustes pontuais"
Ao longo das próximas décadas, o atual projeto de reforma da Previdência Social do governo Bolsonaro vai afetar decisivamente a situação dos idosos em todo o país. “Hoje no Brasil, a pobreza entre os idosos é de cerca de 2% a 3%. Estudos recentes do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostram que sem a previdência a pobreza atingiria 70% da população idosa”. É disso que estamos falando”, afirmou o professor Eduardo Fagnani, do Instituto de Economia da Unicamp.
Fagnani participou esta semana do debate “Nova Previdência ou o Fim da Previdência?”, organizado pela ADunicamp (Associação dos Docentes da Unicamp). Ele abordou a questão econômica e sustentou que o objetivo da reforma é acabar com a Seguridade Social conquistada no Brasil com a Constituição de 1988, no período de redemocratização do país. Mas ele lembra que haverá um impacto muito grande na economia das cidades brasileira.
Municípios
“A previdência rural e a prestação continuada reduziram o êxodo rural no Brasil, reduziram o êxodo do Nordeste para o Sul. E entre 70% a 80% dos municípios brasileiros a transferência dos recursos da previdência é maior que os recursos transferidos pelo fundo de participação municipal”, relatou Fagnani. Esse montante de recursos aquece a economia nas cidades brasileira.
O sistema brasileiro de seguridade social, lembrou Fagnani, é composto no Brasil pelo SUS (Sistema Único de Saúde), pelo seguro desemprego, pelo BPC (Benefício da Prestação Continuada) – que beneficia idosos pobres e deficientes físicos – e pelas previdências urbana e rural. “Mais de 70% dos brasileiros só têm o SUS como porta de entrada para a assistência à saúde”, apontou. Já o seguro desemprego beneficia cerca de sete milhões de trabalhadores e o BPC outros cinco milhões, enquanto a previdência urbana atende 20 milhões de aposentados e a rural 10 milhões.
“No total, são cerca de 42 milhões de benefícios. Se cada pessoa tiver dois membros na família, eu estou falando em 120 milhões de pessoas. E, deste total, 70% recebem apenas o piso, ou seja, o salário mínimo”, argumentou.
Combate à desigualdade
Fagnani comparou o projeto de reforma brasileiro com reformas feitas em outros países. E conclui: “Reformas da previdência são necessárias e são feitas em todos os lugares do mundo, porque você tem que ajustar a expansão demográfica às regras do sistema. Países sérios, civilizados, desenvolvidos já fizeram suas reformas da previdência e estão fazendo a todo o momento. Mas eles não destroem o seu sistema de proteção social, porque sabem que é importante para o combate à desigualdade”.
O professor de Economia também afirmou que a propalada crise da previdência é uma falsa crise e que os recursos que garantem a seguridade social não são o principal problema para o ajuste fiscal que o governo pretende impor. “O problema no Brasil é que não há um diagnóstico da questão. Eu garanto para vocês que nos últimos 30 anos há mais de uma dezena de emendas constitucionais alterando a previdência social. No regime geral da previdência, o do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), nesse que há cerca de 20 milhões de pessoas recebendo um salário mínimo por mês, não há nada o que fazer, não é necessário fazer nada, além de alguns ajustes pontuais, não há necessidade de uma reforma geral. Eu garanto para vocês”, argumentou.
Com a criação do fundo de previdência complementar, em 2012, com teto de 5,8 mil reais, a questão da aposentadoria do servidor público federal também foi resolvida. “E ele vai se aposentar em 2050. Então o problema do funcionário público federal, no futuro – e você faz reforma pensando no futuro – também está resolvido”.
Fonte: Carta Campinas com ADunicamp
Carta Capital

SOCIEDADE - “A ditadura saiu derrotada. O governo vai seguir esse caminho também?”, diz Amelinha Teles

Uma das vozes mais poderosas contra os abusos dos militares, ela condena o revisionismo e se surpreende com a gestão de Bolsonaro

Há muitas maneiras de se contar uma verdade, e, para a história, faz-se necessário um método capaz de investigar o que permeou um momento, um conflito ou um período. A Comissão Nacional da Verdade, por exemplo, finalizada em 2014, foi a responsável por investigar crimes cometidos pela ditadura militar no Brasil, e não se baseou em achismos para fazê-lo. Foram mais de 6000 denúncias de tortura apuradas, e mais de 400 pessoas assassinadas pelo regime. Quem sobreviveu leva a história pessoal como parte integrante de um escopo, que recorta em pedaços 21 anos da história brasileira.
Amelinha Teles é uma dessas sobreviventes, assim como uma parte de sua família. Ela teve o marido e a irmã, grávida de 8 meses na época, também submetidos à tortura. Seus filhos, crianças de 4 e 5 anos de idade, viram os pais sob o terror que era submetido à oposição naquela época. Em 2008, a família Almeida Teles conseguiu fazer com que Carlos Alberto Brilhante Ustra, tão admirado por Bolsonaro, fosse o primeiro agente da ditadura a ser declarado torturador. Em entrevista a CartaCapital, Amelinha comenta sobre as homenagens ao aniversário do golpe e a relação do governo com o que aconteceu, de fato, na história.
CartaCapital: A senhora faz parte de um grupo de vítimas da ditadura que protocolou ações contra a decisão de Bolsonaro de homenagear o aniversário do golpe. O que essas ações representam, exatamente?
Amelinha Teles: A primeira proposta delas é defender o estado democrático de direito e a democracia, e o próprio corpo constitucional que não permite tortura e garante o direito à vida. A atitude irresponsável dele é também inconstitucional, então temos que fazer com que a lei seja cumprida.
Fomos direto com uma liminar no mandado de segurança. Temos direito a uma sociedade com liberdades políticas e de manifestação. A gente viu tudo isso sendo ameaçado na medida que ele faz uma convocação desse tipo, ignorando que houve uma ditadura que durou 21 anos que é reconhecida internacionalmente.
CC: Caso o presidente realmente faça alguma homenagem, vocês consideram possível alguma ação consistente contra ele no Congresso? O Ministério Público lembrou que celebrar o golpe pode ser considerado crime de responsabilidade.
AT: Não discutimos isso ainda. Só queremos que não haja comemoração. O fato histórico, do golpe militar fazer 55 anos, deve ser lembrado e reconstituído, inclusive nos quartéis, como forma de pensar que foram gravíssimas as violações de direitos humanos provocadas por esse golpe. O desdobramento disso foi a implantação de um Estado terrorista, em que opositores foram assassinados e sepultados, muitos não encontrados até hoje.
Estamos preocupados com uma pedagogia da verdade, que considera que a verdade deve ser trazida à tona para que outros setores da população tomem consciência história do que aconteceu. Essa não deve ser uma forma de governar o Brasil.
CC: Na sua opinião, Bolsonaro se fortalece ou se enfraquece com declaração de apoio à ditadura?
AT: É uma demonstração de fraqueza. Por mais que você questione o processo eleitoral, o resultado dele considerou o Estado de democracia. As pessoas que o escolheram como presidente fizeram em nome dessa democracia, assim como as que não o quiseram. Esse é o respeito da vontade popular.
Agora, ele precisa respeitar os próprios eleitores e considerar reconhecer que é presidente da República para todos. Com uma atitude dessa, ele perde força política e a autoridade que foi legitimada no voto. Os próprios militares estão com muito mais bom senso do que ele, porque viram que a declaração foi um absurdo.
CC: O Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, declarou que refutava o termo “comemoração”, mas que a data precisa ser explicada aos mais jovens. Para a senhora, o que dizer aos mais jovens, afinal, sobre o que foi esse período?
AT: Temos que lembrar o fato histórico, e quão nefasto foi para o desenvolvimento do Brasil. Temos dívida, ainda, com aquele período. A ditadura acabou com altíssima inflação e desempregos, então ela foi desmoralizada por si mesma.
Lembrar do golpe é rememorar também de um tempo trágico que interrompeu vidas, sonhos, esperanças e realizações. Estamos com uma democracia fragilizada e ameaçada. Precisamos lembrar, sim, e não celebrar como feito heróico porque foi um feito vergonhoso. Não é com violência que vamos resolver os problemas históricos, mas sim com o diálogo, com a construção democrática e com respeito aos valores da justiça.
CC: A senhora poderia comentar sobre as ações do governo Bolsonaro em relação à Comissão da Verdade e aos anistiados? A Ministra Damares vem falando sobre uma “caixa preta” da Anistia.
AT: Não existe “caixa preta”. As pessoas que foram anistiadas recebem uma indenização do Estado, que tem uma dívida com elas porque torturou, impediu que elas estudassem e tivessem uma profissão regular. Muitas foram para exílios forçados e banidas de ficarem no Brasil. Outras foram viver na clandestinidade. Esse pagamento não é benefício.
Essa senhora ministra deve procurar conhecer a história, e lembrar que a anistia foi aprovada e editada ainda no período militar, no governo de João Figueiredo. Eu mesma fui anistiada nessa época, e nem todas as pessoas conseguiram porque a anistia não foi ampla, foi parcial – uma conquista em plena ditadura. Ela quer retroceder mais ainda, se o próprio regime reconheceu que tinha cometido tamanha violação dos direitos?
A Constituição de 1988 reconhece o direito às reparações para as vítimas, que devem ser feitas do ponto de vista econômico e político. A Dilma foi uma presa política, e foi torturada. Ela tem que ser anistiada porque está na lei. É uma questão resolvida. Essa ministra tem que resolver o que falta resolver.
CC: Acha que existe o perigo de um revisionismo histórico?
AT: Tem uma ameaça, antes mesmo desse governo, que é a linha do negacionismo e do revisionismo histórico, mas isso nunca conseguiu convencer. Não tem argumentos e não funciona na democracia, o que a história mostra claramente: a ditadura usou tamanha repressão, e mesmo assim caiu do poder por ela mesma.
Acho muito irresponsável colocar as coisas nesse nível. O Brasil já foi condenado pela Corte Internacional dos Direitos Humanos pela repressão contra a Guerrilha do Araguaia, e pelo caso do Herzog. Existe uma cultura e valores democráticos consolidados na humanidade, e por meio deles que se consegue ter um diálogo, e não com o uso da truculência. Esse governo está começando agora, e tem que pensar que tem pelo menos 4 anos pela frente. Será que não pensam nisso, não? A ditadura saiu derrotada. O governo vai seguir esse caminho também?
CC: A senhora foi perseguida por conta da sua aparição na campanha do candidato Fernando Haddad. Existe algum movimento remanescente contra a senhora depois da eleição?
AT: Eu fui ameaçada por ter denunciado, mais uma vez, que fui torturada. Meu depoimento foi de 30 segundos, e o que eu pensei foi: ‘eu não tenho direito de expressar minha dor?’ Não falei ofendendo nem condenando ninguém, não tenho esse poder. Só a Justiça tem.
Não há mais perseguição, foi tudo na época das eleições. Eles sabem que minha fala é verdadeira e ficaram com medo dela. Foi uma questão estrategicamente eleitoral. Agora, eles estão aí, sem saber o que fazer com o governo.
CC: E qual é sua avaliação da atuação do governo?
AT: Eu não vi nenhum ministro que tenha falado algo certo, ou que dê segurança ou esperança. Eles não escutam a sociedade. Precisam lembrar que governam o povo, e que não foram eleitos pela maioria. 89 milhões de pessoas não votaram neles – 47 milhões são votantes do Haddad, e os demais foram brancos e nulos.



Eu não lembro de ministros da ditadura falarem do jeito que eles falam. Não há nenhuma sintonia com a democracia, o que me deixa admirada: Jair Bolsonaro foi deputado por 27 anos, e nunca entendeu a Constituição? É um governo na contramão da história. Há uma insatisfação geral, pelo o que percebo. Até o Carnaval disse isso: a Mangueira trouxe um samba-enredo mostrando que temos que contar a história não contada. Isso não diz nada? Diz muita coisa. Mostra insatisfação e uma vontade de superar esse momento.
Fonte: CARTA CAPITAL

sábado, 30 de março de 2019

31 de março: nada a comemorar

FOTO: Arte: Fabricio Martins

No próximo domingo, dia 31 de março, completará 55 anos do golpe civil-militar que resultou na deposição do então presidente da República, João Goulart, e em 21 anos de ditadura, censura, sequestros, perseguições, tortura e assassinatos de cidadãos e cidadãs brasileiras(os).
Foi um período de dura repressão aos movimentos populares, partidos políticos, lideranças sindicais e de base que defendiam as reformas de base, em especial, a reforma agrária. A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) sofreu intervenção. O presidente da CONTAG nesta época, Lyndolpho Silva, e os demais diretores foram presos imediatamente, o mesmo aconteceu com outras lideranças sindicais rurais nas Federações e em nossos Sindicatos, e muitas chegaram a ser torturadas também.
Portanto, a luta dos trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares e a de outras categorias foi construída com muito sacrifício, prisões e até mortes, principalmente durante o regime militar, que agiu a mando do latifúndio e, com este, tem as mãos manchadas do sangue do povo brasileiro. Mesmo nos momentos mais difíceis, a CONTAG, as Federações e Sindicatos nunca recuaram das suas convicções políticas, permaneceram firmes no ideal de recuperar a democracia, a justiça e a liberdade cassadas.
Com a determinação do presidente Jair Bolsonaro ao Ministério da Defesa para que os quartéis das Forças Armadas comemorem o dia 31 de março, a CONTAG não poderia deixar de posicionar contra. Essa atitude é inaceitável, é uma apologia à tortura e um desrespeito à democracia.
A CONTAG repudia tal comemoração e solidariza-se às famílias de trabalhadores(as) rurais, de lideranças e dirigentes que ainda não conseguiram saber dos seus mortos e desaparecidos durante esse período de terror instalado em nosso País. Esse capítulo nefasto da história brasileira não pode ser comemorado. Deve ser evitado!

Presidente da CONTAG cumpre diversas agendas em defesa da Previdência Rural


O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG), Aristides Santos, cumpriu diversas agendas nesta quinta-feira e sexta-feira (28 e 29 de março), em Pernambuco, e um dos principais pontos de pauta foi a defesa da Previdência Rural.

Ontem (28), a agenda foi iniciada em Recife/PE, com a visita ao Gabinete do deputado estadual Doriel Barros (PT), ex-presidente da FETAPE, para falar com o parlamentar e sua assessoria sobre projetos de interesse da agricultura familiar e que estão sendo desenvolvidos pelo mandato, além de dialogarem sobre as boas perspectivas do deputado, inclusive sobre o seu trabalho na Frente em Defesa da Previdência na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Segundo Aristides, esse trabalho junto à ALEPE está servindo de exemplo para outros estados do Nordeste que também vão criar a Frente para fazer o debate nas Assembleias Legislativas e com a sociedade, principalmente quanto aos efeitos de uma possível reforma da Previdência a partir da proposta apresentada pelo governo Bolsonaro.
Ainda no Gabinete do deputado, o presidente da CONTAG participou de reunião com uma delegação de trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares dos perímetros irrigados do Vale do São Francisco. “Tratamos de questões importantes para o desenvolvimento e produção da região, inclusive sobre a preocupação da utilização da água, pois estão sofrendo com algumas dificuldades geradas a partir de decisões do governo Bolsonaro”, informou Aristides.
Na sequência, participou de uma reunião com cinco deputados estaduais do Nordeste: Doriel Barros (PT-PE), Isolda Dantas (PT-RN), Limma (PT-PI), Marcelino Galo (PT-BA) e Adelmo Soares (PCdoB-MA). O objetivo do encontro foi dialogar sobre a formação de um Fórum Parlamentar da Agricultura Familiar no Nordeste, experiência semelhante ao Fórum dos Governadores e ao Fórum dos Gestores/Secretários(as) de Agricultura Familiar do Nordeste. “Seria mais um espaço onde os deputados e deputadas estaduais tentarão se articular para discutir a Agricultura Familiar, tentando acompanhar, também, as agendas dos governadores e gestores”, explicou o presidente da CONTAG.
À noite, representou os movimentos sociais na Abertura do 14º Fórum dos Gestores e Gestoras Responsáveis pelas Políticas de Apoio à Agricultura Familiar do Nordeste, evento que contou com a participação da vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB).
A Análise de Conjuntura foi feita pela economista e professora Tânia Bacelar, que mostrou que o desemprego no Brasil continua alto, o índice no Nordeste continua aumentando, a recuperação está muito lenta, a economia está estacionada e que as expectativas com o novo governo não são boas. Durante a análise, também apresentou preocupação com a proposta de reforma da Previdência e o ataque às organizações. “Na opinião dela, a região Nordeste é estratégica nessa discussão, para enfrentar essa crise e tentar garantir os direitos da classe trabalhadora”, disse Aristides.

O presidente da CONTAG destacou no evento que, quanto à agricultura familiar, o governo não deu resposta e nem chamou a CONTAG para conversar sobre a pauta entregue desde o final de fevereiro desse ano. “Disseram que nos dariam uma resposta em 15 dias, mas até agora nada”, cobrou o dirigente.

Já na manhã desta sexta-feira (29), Aristides Santos participou do painel "Eixos Estratégicos para o Fórum: A Visão dos Movimentos, atividade do 14º Fórum, juntamente com representantes da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), da Rede de Ater e da Rede de Articulação dos Territórios do Nordeste e do Brasil. “Fiz uma fala trazendo as preocupações e a importância desse Fórum. E destaquei que o momento requer ações políticas mais de imediato em defesa da agricultura familiar. No entanto, dois pontos são principais: o Plano Safra, onde o Nordeste tem que influenciar os gestores na tentativa de manter as principais políticas, mesmo com as limitações no orçamento; e a questão da reforma da Previdência, com o foco na MP 871/2019, na perspectiva de os governadores e gestores, de todos nós e da bancada nordestina ajudar a derrotar a MP e a PEC da reforma da Previdência”, informou o dirigente.
Para finalizar a sua agenda em Pernambuco, participou ainda nesta sexta-feira (29) de uma Audiência Pública em Carpina/PE contra a reforma da Previdência e sobre os impactos da Medida Provisória (MP) 871/2018. Mais de 1500 pessoas estiveram presentes.

FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi

FECHAMENTO DO MINC é tema de debate em Santa Cruz pelo CPC/RN

 Participantes do Seminário "Como fica a cultura brasileira sem o MINC?"
Presidente do CPC/RN falando da importância do MINC - "É preciso lutar pelo MINISTÉRIO DA CULTURA, foi uma grande conquista do POVO BRASILEIRO em ESPECIAL os ARTISTAS!" - Inicio Eduardo Vasconcelos.

O Centro Potiguar de Cultura – CPC/RN com sede em Nova Cruz realizou mais um seminário de debates sobre temas sociais ligados à cultura, na ultima sexta feira, 29 de Março, no auditório do Istituto Federal –IF, de Santa Cruz, região do Trairí. Desta vez o tema abordado foi: "COMO FICA A CULTURA BRASILEIRA SEM O MINC - (Ministério da Cultura)?.O evento contou com representantes da cultura e da educação e de artistas de Santa Cruz e de Nova Cruz, cidades capitais de suas regiões,
Roda de Conversa: "Seminário - Como Fica a Cultura Brasileira sem o MINC?"
Representantes culturais prestigiando


Centro: Robson - Casa de Cultura de Santa Cruz/RN, fazendo boas intervenções sobre o tema
O seminário foi dirigido por Eduardo Vasconcelos, diretor da entidade organizadora, e que contou como palestrantes, a diretora do IF anfitrião, Professora , Samira Fernandes Delgado, Robson - Agente de Cultura de Santa Cruz, Edgar Santos que no ato representou o prefeito da cidade, Ivanildo Ferreira Lima Filho, além de Erica Sabino representante da UNOPAR local e do professor Meirison Fernandes, diretor da 7ª Diretoria Regional de Educação e Cultura – DIREC, com sede em Santa Cruz.

Há uma enorme preocupação com as ações que estão sendo exercidas pelo governo federal na gestão de Bolsonaro em relação ao Ministério da Cultura MINC, que sinalizam claramente a iniciativa de fechá-lo e torna-lo membro da pasta do Ministerio da Cidadania, o que “levaria ao retrocesso das conquistas adquridas com o passar das décadas no setor da cultura brasileira”, alertou Robson, representante do Ponto de Cultura de Santa Cruz.

Segundo Eduardo Vasconcelos, do encontro foi elaborado um documento que traz a manifestação contrária ao que vem ocorrendo com o MINC por parte das regiões Agreste e Trairí do estado. Outros seminários serão realizados com o mesmo objetivo em outras regiões cujos documentos neles produzidos serão o esteio do documento de manifesto estadual do Rio Grande do Norte sobre o assunto. Cada estado estará produzindo manifestos semelhantes e que ao final se fundirão em um grande movimento anti fechamento do Ministério da Cultura, pretendido pelo atual governo.
Fotos e Matéria Claudio Lima/Eduardo Vasconcelos
 Seminário/roda de conversa
 Apresentação do Grupo de Capoeira BOA VONTADE de Nova Cruz/RN, fazendo bonito

 

Após o seminário Delegação de Nova Cruz visita a Santa Rita de Cássia - Santa Cruz/RN
Eduardo Vasconcelos e o cantor/compositor, Diego Ramos

segunda-feira, 25 de março de 2019

Novo vídeo da campanha Lula Livre ataca reforma da Previdência

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Vídeo na matéria abaixo também anuncia jornada nacional de mobilizações, na semana em que a prisão política do ex-presidente completa um ano, para mostrar que ele foi condenado sem provas.
São Paulo – O segundo vídeo produzido pela Assembleia Nacional Lula Livre mostra os prejuízos aos trabalhadores contidos na proposta de 'reforma' da Previdência do governo de Jair Bolsonaro para convocar a população a aumentar a pressão para a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O coletivo reúne líderes populares em torno da inocência do ex-presidente e na oposição ao governo Bolsonaro.
Com duração de pouco menos de um minuto, o novo vídeo explica alguns dos principais riscos representados pela proposta: idade mínima de 65 anos para a aposentadoria dos homens – "pra quem tá lá em cima, no ar-condicionado, até pode ser, mas pra quem carrega peso no chão da fábrica, não dá" – e de 62 para as mulheres. Também alerta que o valor do chamado Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é um direito dos trabalhadores pobres que não conseguiram contribuir com a previdência durante sua vida ativa, "vai cair de quase mil reais pra 400 reais."
"Agora você entende porque condenaram Lula sem provas. Primeiro foi pra ele não poder ser candidato. Agora querem manter Lula preso pra calar a sua voz. Carteira assinada já era. Agora querem atacar sua aposentadoria", afirma o apresentador em seguida.
O vídeo fecha com a convocação para as atividades organizadas pela Assembleia que marcarão o aniversário de um ano da prisão do ex-presidente. "Lula precisa da sua voz para voltar a ser a voz de quem precisa. Participe da Jornada Lula Livre."
De 7 a 10 de abril serão realizadas mobilizações, atos e vigílias em torno da libertação de Lula, para mostrar ao país e ao mundo que a prisão do ex-presidente foi baseada em condenações sem provas e em processos marcados por irregularidades. “Vamos pra rua. Presidente Lula, vamos provar a sua inocência. Essa caminhada vamos fazer juntos. Vamos ocupar as ruas de todo o Brasil e lutar pela soberania, pela liberdade de Lula, contra a reforma da Previdência e pela democracia”, anunciou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

Assista o vídeo na matéria abaixo!
Fonte: REDE BRASIL ATUAL - RBA

Jornada Lula Livre

EDUCAÇÃO SUPERAÇÃO Após ser chamado de analfabeto e perder a carteira de habilitação, idoso aprende a ler e escrever e recupera CNH

Vicente Carvalho

Com o sorriso estampado no rosto, o comerciante José Lopes dos Santos, de 85 anos, dirige pelas ruas da Vila Chacrinha esbanjando alegria. Pela janela do veículo, exibe a mais nova conquista: a carteira de habilitação, fruto de muito esforço e dedicação.
Ele é aluno da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) e entrou no curso após perder o documento em 2016. “Sempre trabalhei na roça, nunca pude estudar. Então, quando fui renovar a carta me pediram para escrever ‘Ciretran’. Não consegui. Foi a partir daí que procurei a escola.”  E, de lá para cá, muita coisa mudou.
Obstinado, ele não dormia uma noite sequer sem pensar na habilitação. “Uso o carro para tudo. Não podia ficar sem dirigir”, diz. Na tentativa de agilizar o processo, o comerciante cruzou, inclusive, com aproveitadores. Uma pessoa fez com que ele pagasse R$ 3.500, que pegou em um empréstimo, achando que pegaria a habilitação de volta. “Descobri que tinha sido passado para trás quando, em uma blitz, soube que minha carteira seguia bloqueada.”
Em 2018, depois de “muita coisa não entrar na cabeça” na escola, ele reencontrou a professora Beatriz Casemiro, que se tornou fundamental para que as letras enfim fizessem sentido. Ele a conheceu no primeiro ano de EJAI, porém, Beatriz assumiu a coordenação e deixou a sala de aula. No segundo semestre de 2018, ela voltou a dar aulas para o senhor José. “Ele foi chamado de analfabeto por um delegado, mas tem muita bagagem de vida que qualquer um. Ele é alfabetizado pelo mundo”, conta a professora, sem esconder a admiração pela conquista do aluno.
Segundo ela, o trabalho não foi apenas o de ensinar, mas de deixa-lo confiante e com autoestima elevada. “Trabalhei também o método fônico com o senhor José e foi assim que ele aprendeu. Agora ele passou da segunda para a terceira série.”
A dedicação da professora também foi além de ensinar como juntar as letras e os sons. Ela mostrou o significado das placas de trânsito para sr. José, que aprendeu e deu show na prova realizada recentemente. “Foram duas vitórias. A primeira foi tirar da cabeça dele todo o mal que aquele delegado causou. A segunda é ver o senhor José outra pessoa: um aluno feliz e realizado. Eu, mais que ninguém, sonhei com isso. Temos em comum muita fé e as nossas orações também ajudaram.” A turma toda também incentivou e agora vai marcar uma confraternização para celebrar a conquista do senhor José.
Hoje, a dedicação de José aos estudos não está apenas nos cadernos que leva ao EJAI. Na mercearia que mantém na Vila Chacrinha, o aprendizado está em lousas, onde ele treina a escrita e os números. E, dentro de uma simplicidade sem fim, Sr. José reconhece na vitória recente as qualidades de quem deu a mão para que os novos passos fossem possíveis. “Tenho muito respeito pela figura dos professores. Não só na presença, mas na ausência. Sou muito grato e todo mundo deveria ser.”
Com informações da assessoria da Prefeitura Municipal de Campo Paulista

Fonte: https://razoesparaacreditar.com

domingo, 24 de março de 2019

Dois milhões de aposentados e pensionistas do INSS podem ter o pagamento bloqueado a partir desta segunda

Para fazer a atualização cadastral, o beneficiário precisa ir até a sua agência bancária levando um documento com foto.
Para fazer a atualização cadastral, o beneficiário precisa ir até a sua agência bancária levando um documento com foto. Foto: Paulo Nicolella / Agência O Globo
Por Stephanie Tondo
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vai suspender aposentadorias e pensões de segurados que estão há mais de 12 meses sem realizar a prova de vida. O órgão informou que 2,179 milhões de beneficiários ainda não comprovaram vida, de acordo com a folha de pagamento de fevereiro de 2019, e por isso são passíveis de bloqueio, caso não realizem o procedimento. O bloqueio será feito a partir do benefício de março, ou seja, que é pago entre a próxima segunda-feira (dia 25) e o dia 5 de abril.
Quem não estiver em dia com a prova de vida e já encontrar o benefício suspenso na segunda-feira, não precisa se desesperar
Segundo a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), beneficiários que tiverem as aposentadorias e pensões bloqueadas poderão realizar a prova de vida a partir do dia previsto para a liberação do benefício em qualquer agência bancária da instituição onde o pagamento é feito.
— A liberação é feita na hora, após a realização da prova de vida — explicou Walter de Faria, diretor adjunto de Operações da Febraban.
Para fazer a atualização cadastral, o beneficiário precisa ir até a sua agência bancária levando um documento com foto. Alguns bancos realizam o procedimento por meio da biometria. Nestes casos, não há necessidade de apresentar identificação oficial.
No caso de impossibilidade de o beneficiário ir até a agência, seja por motivo de doença, dificuldade de locomoção ou por morar no exterior, o procedimento poderá ser realizado por um procurador devidamente cadastrado no INSS ou um representante legal. Neste caso, o procurador deverá comparecer a uma agência da Previdência Social, com uma procuração registrada em cartório e apresentar o atestado médico que comprove a impossibilidade de locomoção do beneficiário, além dos documentos de identificação do representante.
Fonte: https://extra.globo.com

Cinco razões para rejeitar a Reforma da Previdência de Bolsonaro


Razões para rejeitar a Reforma da Previdência de Bolsonaro
Razões para rejeitar a Reforma da Previdência de Bolsonaro

Por Sergio Pardal Freudenthal*

Após “balões de ensaio” e “textos vazados”, a PEC 006/2019 finalmente apresenta a pretensão do atual governo: extinguir o Seguro Social brasileiro, surgido desde a Lei Elói Chaves, em 1923, tendo consolidada a construção de um grande Regime Geral com a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS), em 1960, e integrando a moderna e híbrida Seguridade Social brasileira, garantida pela Constituição Cidadã de 1988.


Apresentamos cinco razões para a rejeição absoluta da PC 006/2019: 1) Desnecessidade da reforma da Previdência Social, desmentindo a “unanimidade” apregoada pelos reformistas; 2) Pretendem retirar as garantias constitucionais conquistadas em 1988, transferindo as regras para Leis Complementares (LC) e então negociando regras de transição com validade restrita; 3) As regras de transição aglomeram um “saco de maldades”, e as negociações não passam de estelionato, valendo apenas até futura LC; 4) O regime de capitalização pretendido como a “Previdência do futuro” não substitui o Seguro Social, e as experiências impostas pelo arbítrio, como no Chile, comprovam; 5) Ao contrário do que afirma a propaganda oficial, as transformações acabam com as garantias dos atuais aposentados e pensionistas.


1) A Reforma proposta é absolutamente desnecessária


A Seguridade Social brasileira, conquista inscrita na Constituição Cidadã em 1988, é composta de Previdência Social, Saúde e Assistência Social. Como a nossa Previdência tem sua origem no seguro social alemão, da década de 1880, e assim, é compulsória, obrigatória para os trabalhadores, e contributiva, a nossa Seguridade é um sistema híbrido, com Saúde e Assistência Social enquanto responsabilidade estatal, sem a contribuição direta. Fica muito fácil apresentar o “rombo”, tão utilizado na propaganda do governo, se a União em nada contribui, pelo contrário, retira.


A LOPS, em 1960, previa um seguro tripartite, tanto nas contribuições quanto na administração. Apontava inclusive as obrigações em 8% do salário, para o patrão, para o empregado e para a União.

Seguro Social em qualquer país civilizado é um regime de repartição, um pacto de gerações; quem está em atividade contribui para garantir o pagamento dos benefícios dos que já estão inativos. Durante muito tempo a Previdência Social recolheu muito e pagou pouco. Ao invés de formar um fundo de reserva suficiente para garantir o Seguro Social, esta verba foi utilizada em obras como Brasília, a ponte Rio-Niterói e a estrada Transamazônica.

Os Regimes Próprios de Previdência Social dos servidores públicos, de caráter contributivo, só surgiram com a Emenda Constitucional (EC) 20, em 1998. Até ali, a aposentadoria, no valor do último salário, era obrigação do Tesouro, nacional, estadual ou municipal, sem obrigações contributivas.

Quando a tecnocracia junta na mesma conta o Regime Geral, os Regimes Próprios, a Assistência Social e a Saúde, e sem participação financeira da União, o resultado só pode ser um rombo fabuloso, utilizado para convencer a opinião pública de que a reforma seria necessária.

Além disso, as reformas constitucionais previdenciárias, que reduziram substancialmente os direitos dos trabalhadores, já aconteceram em 1998 e em 2003, quando a “bola da vez” foram os servidores públicos. Sem contar as maiores exigências e menores garantias através de alterações na legislação ordinária de 1994 até 2015.

Se fosse para haver qualquer reforma, que ocorresse em relação ao custeio, acabando com isenções e desonerações, e cobrando efetivamente as dívidas.

2) Retiram as garantias constitucionais da Previdência Social

O artigo 40 da Carta Magna, originalmente garantia as aposentadorias dos servidores públicos. A partir de 1998, com a EC 20, o mesmo artigo passou a dispor sobre regime de previdência social de caráter contributivo e com critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e, em seu § 1º, define as regras para os benefícios. O artigo 202 do mesmo Diploma, também com muitas alterações, especialmente pela EC 20/1998, em seu § 7º determina as regras para aposentadorias por tempo de contribuição e por idade. Pois a PEC 006/2019 envia estas regras para futura Lei Complementar “de iniciativa do Poder Executivo federal”. Até mesmo a proposta de um novo regime de previdência “em sistema de capitalização” seria através de uma LC.

Nem é preciso lembrar que um emenda constitucional depende de três quintos da votação nas casas legislativas, enquanto lei complementar exige maioria absoluta, além de ter trâmite mais rápido. Observe-se a reforma trabalhista, que tantos males causará aos trabalhadores brasileiros, aprovada com alguma tranquilidade por não envolver matéria constitucional.

As regras que o governo se diz disposto a negociar, estão nas disposições transitórias, com validade até que uma Lei Complementar discipline a matéria. Significa que as regras de transição que exigem três quintos de votos poderão ser modificadas por metade dos votos mais um, na próxima legislatura. É impossível ter confiança em tais negociações.

3) As regras de transição representam um “saco de maldades”

Para os servidores públicos, a perversidade principal está na revogação das regras de transição das ECs 41/2003 e 47/2005. Além de normas específicas para policiais, agentes penitenciários, e, inclusive no Regime Geral, para trabalhadores em condições especiais ou com deficiência, o que merece muita atenção de todos é a extinção da aposentadoria por tempo de contribuição e a perversidade do cálculo pretendido.

Em regra de transição, válida até a LC, consta idade mínima para aposentadoria em 62 para a mulher e 65 para o homem. Representa a exigência para a atual aposentadoria por idade, e ainda punindo mais a mulher, com o acréscimo de 2 anos. O tempo mínimo de contribuição para a aposentadoria voluntária passaria a ser 20 anos.

Para quem já está no sistema, seja no INSS seja servidor público – que teve a idade mínima aprovada na EC 20/1998 -, a somatória tempo de contribuição e idade passa a ser uma exigência. Enquanto atualmente serve para a isenção da aplicação do Fator Previdenciário (FP) no Regime Geral e para a utilização da regra de transição da EC 47/2005 para os servidores públicos, a soma passaria a ser exigência.

Estaria extinta a aposentadoria por tempo de contribuição, antiga por tempo de serviço, e, em 12 anos, as regras de transição teriam igualado para todos a exigência de idade, 62 anos para as mulheres e 65 para os homens.

O governo até parece disposto a negociar, certamente estes 2 anos a mais punindo as mulheres poderiam representar o “bode na sala”, mas sempre vale lembrar que, se aprovada a PEC 006, dali para a frente seria Lei Complementar dispondo tais regras.

A perversidade mais se concentra nos cálculos. A base passaria a ser a média de todas as contribuições desde julho de 1994, ou do início se posterior, representando cada tostão suado durante a vida laboral. E, em todos os benefícios, quem tiver até 20 anos de contribuição receberá 60% da média, acrescentando 2% para cada ano a mais de contribuição.

No benefício voluntário, 20 anos seria o mínimo de contribuição necessário, e, em casos de invalidez, se o tempo for inferior, também terá direito a 60%. Para alcançar 100% da média da vida toda, será necessário contribuir por 40 anos.

Um pequeno comentário: nos benefícios decorrentes de sinistros laborais, acidentes ou moléstias, o cálculo seria 100% da média, independente do tempo de contribuição. Para compensar, em um dos “jabutis” desta PEC, terminariam com as varas da Justiça Estadual especializadas em acidentes do trabalho.

E sempre valendo lembrar que uma Lei Complementar ainda poderia tornar pior.

Para a pensão por morte, o cálculo seria o sempre pretendido pelo neoliberalismo, 50% da aposentadoria do(a) falecido(a), acrescido de 10% para cada dependente. Quando o segurado falece antes de se aposentar, ainda em atividade, a base de cálculo seria uma hipotética aposentadoria por invalidez. Pela PEC apresentada, se o trabalhador morre em um acidente comum com 15 anos de contribuição, deixando esposa e um filho menor, a pensão será calculada em 70% de 60% da média contributiva.

E insistem ainda os reformistas com a inacumulabilidade de benefícios, seja aposentadorias por regimes diferentes ou mesmo aposentadoria e pensão por morte. Inventaram uma regra que permitiria o recebimento do benefício de maior valor, restando um percentual do outro beneficio, de acordo com o seu valor, quanto maior este, menor será o percentual aplicado. Sempre é bom destacar que se trata de benefícios de caráter contributivo; que não se possa acumular substitutivo da remuneração no mesmo sistema, ou mais de uma pensão por morte de cônjuge, vá lá...

Falando em “saco de maldades”, nem o benefício previsto na Lei Orgânica de Assistência Social escapou. Pretende o reformista que, em condições de miséria, apenas aos 70 anos de idade teria direito a um salário mínimo. E, nas regras de transição, inventa um meio-prato-de-sopa, no valor de 400 reais, a partir dos 60 anos.

4) O regime de capitalização

Ficariam a cargo também de uma Lei Complementar as definições do regime de capitalização que seria implantado para substituir o Seguro Social. Mas a PEC 006/2019 aponta que será “um sistema de capitalização, na modalidade de contribuição definida”.

Em qualquer país civilizado, o Seguro Social é um regime de repartição, um pacto de gerações. E, bem administrado, funciona muito bem, auxiliando bastante a economia nacional, com garantias sociais e distribuição de renda. Em uma sociedade em que se busca justiça e paz, o Seguro Social é a coluna principal, tendo de um lado a Assistência Social para os que não conseguem se incluir na Previdência, e de outro os Fundos de Previdência Privada, complementando a renda dos que ganham acima do limite (atuais 5,8 mil reais) para que realmente se aposentem, possam parar de trabalhar.

Os regimes de capitalização utilizados pelos fundos de pensão criados em empresas estatais (boa parte privatizadas) eram de benefício definido; prometiam complementos da aposentadoria paga pelo INPS. É verdade que o matemático atuário (especialista em estatística e afins) tinha que ser muito bom para saber quanto cobrar de contribuição e como aplicar para garantir o pagamento dos benefícios prometidos. No final do século passado foram feitas as migrações para planos de contribuição definida. São formados fundos individuais com as contribuições e devidas aplicações, e, no momento de se aposentar, tal fundo será dividido por sua “expectativa de sobrevida”, pelo tempo em que o IBGE estima que o trabalhador ainda vá viver. É bem mais fácil fazer uma projeção para o futuro do que uma promessa que deve ser cumprida. E para as empresas patrocinadoras, solidariamente responsáveis, a migração significou um grande alívio.

Em fundos fechados ou em instituições financeiras, os planos de contribuição definida só pode ter como objetivo o complemento da renda dos aposentados, e nunca a substituição do Seguro Social.

Um claro exemplo do quanto os regimes de capitalização não substituem os seguros sociais de responsabilidade estatal é o Chile, onde foram instalados os regimes de capitalização durante a sangrenta ditadura de Pinochet. Os resultados são conhecidos em todo o mundo, com os trabalhadores sem garantias, fazendo de seu país o campeão sul-americano de suicídios de idosos.

Não pode passar sem registro que o Chile é apenas um dentre os 30 países que aderiram a regimes de capitalização e assemelhados (todos situados na América Latina, Leste Europeu e África, muito sugestivamente), dos quais 18 já se arrependeram e retornaram aos regimes públicos de repartição. Vale consultar boletim da OIT deste último mês de dezembro, com o título “Reversão da Privatização de Previdência: Questões chave”.

A implantação desta pretendida “nova previdência” seria o maior retrocesso social que nosso país poderia viver.

5) Aposentados e pensionistas sem garantias

Na Constituição Cidadã de 1988 tivemos uma grande conquista, garantindo que os benefícios previdenciários devem ser corrigidos todo ano, para manter seu “valor real”. É verdade que as atualizações não têm mantido exatamente o valor real das aposentadorias e pensões, mas é uma garantia constitucional, sempre valendo nos embates judiciais e políticos.

Ocorre que, além de retirar a garantia constitucional, se acontecer a implantação do regime de capitalização, com cada trabalhador contribuindo apenas para seu próprio fundo (se o patrão contribui ou não dependeria da lei complementar), como fica o pacto de gerações? Sem as contribuições, surgiria, aí sim, um grande rombo na Previdência Social, sem qualquer chance de solução.

Num primeiro momento, aponta-se cinco boas razões para rejeitar a PEC 006/2019, porém ainda cabem novas análises. Existem maldades e “jabutis” que precisam ser desvendados e denunciados, mas o principal, neste momento, é exigir a manutenção das regras da Previdência Social na Constituição. Negociar em regras de transição com validade finita e sem peso será apostar na extinção bem rápida do sistema previdenciário em nosso país, com quase cem anos de luta e sangue dos trabalhadores.

*Sergio Pardal Freudenthal é advogado e mestre em Direito Previdenciário.