A
CONTAG e várias entidades, veículos de imprensa e jornalistas assinam o
manifesto "Democracia se constrói com informação de qualidade, sem censura
e sem fake news".
O
documento traz o perigo que representa a tentativa do Senado em aprovar o
projeto de lei de autoria do Senador Alessandro Vieira (PL 2630/2020) para
combater Fake News, entre outros Projetos de Lei que propõem medidas que, se
não forem devidamente debatidas e estudadas, podem dar ainda mais poder para as
plataformas de Internet (Facebook, Twitter, Instagram, Youtube e outras)
arbitrarem sobre o que deve ou não circular em suas plataformas, legitimando
práticas “antidemocráticas”de remoção de conteúdo.
Leia
abaixo a íntegra do manifesto:
DEMOCRACIA
SE CONSTRÓI COM INFORMAÇÃO DE QUALIDADE, SEM CENSURA E SEM 'FAKE NEWS'
A
disseminação em massa de "fake news" é um fenômeno global que tem
consequências devastadoras para a vida e para a democracia. O problema é real e
exige respostas efetivas que preservem o direito fundamental à liberdade de
expressão, que permitam o livre debate de ideias e de perspectivas sobre os
acontecimentos.
A
sociedade precisa enfrentar essa pandemia de mentiras e desinformação, que são
produzidas de forma coordenada por setores ideológicos, políticos e econômicos,
que investem muito dinheiro e inteligência para distorcer propositadamente a
realidade, com o objetivo de alcançar seus objetivos e defender seus
interesses.
A
crise sanitária, que neste momento atinge o mundo, revelou de forma dramática o
perigo que as "fake news" representam: líderes políticos ignorando a
ciência para dizer que o Covid-19 é apenas uma “gripezinha”, estímulo ao uso de
medicamentos sem comprovada eficácia científica, a disseminação de conteúdos
afirmando que a doença não existe, ou foi fabricada para derrubar o presidente,
etc.
Em
meio a essa crise, surge uma pressão para que o Congresso Nacional dê resposta
legislativa para o combate às "fake news".
É
fundamental que deputados e senadores tomem a iniciativa de realizar um amplo
debate público sobre o melhor caminho a ser adotado para enfrentar a pandemia
da mentira e desinformação.
Nós,
jornalistas e comunicadores sociais - que trabalhamos para oferecer informação
de qualidade para a sociedade, que lutamos para dar expressão e visibilidade a
fatos e opiniões que não têm espaço na mídia hegemônica, que temos contribuído
para conferir mais pluralidade e diversidade ao debate público no Brasil -
afirmamos que não se pode, sob o pretexto de combater as "fake news",
criar mecanismos privados de avaliação da veracidade de conteúdos
jornalísticos.
Alertamos
para o perigo que representará para a democracia e para a liberdade de
expressão conferir às plataformas privadas da internet a responsabilidade de
definir que conteúdos são ou não verídicos, iniciativa que inclusive violam o
Marco Civil da Internet. Tampouco podemos acreditar que agências privadas de
checagem de notícias podem cumprir esse papel com isenção e neutralidade, ou
que seja possível nomear grupos de jornalistas com o poder de classificar conteúdos
jornalísticos produzidos por outros jornalistas.
Não
se combate "Fake News" criando um Ministério da Verdade. Sabemos como
isso acaba: com a tentativa de legitimação da censura.
O
problema contemporâneo envolvendo a disseminação de mentiras e desinformação
pode ser combatido de outra forma: criando instrumentos legais e usando os já
existentes para desmontar os gabinetes de ódio e as fábricas de produção
industrial de "fake news". Isso pode ser feito cruzando as fontes de
distribuição de desinformação — nas redes sociais, nos sítios web — com os
esquemas criminosos de financiamento dessas estruturas.
É
preciso responsabilizar civil e criminalmente empresas que financiam essas
estruturas para fabricar e disseminar de forma artificial esses conteúdos que
podem trazer danos à vida e à democracia. Agentes públicos que financiem e
produzam esse tipo de conteúdo também devem ser responsabilizados por isso.
Também
é fundamental exigir que as plataformas prestem informações transparentes sobre
todos os mecanismos de mediação de conteúdos que elas já utilizam para definir
o fluxo da circulação dos conteúdos.
Só
é possível enfrentar essa questões a partir de um amplo debate, o que pressupõe
a construção de mecanismos que incluam os mais variados setores sociais na discussão
de propostas concretas. Neste momento de isolamento social, em que a Câmara e o
Senado debatem remotamente, sem a realização de audiências públicas e outras
formas de participação social, não é viável garantir amplo debate sobre o tema.
Neste
sentido, alertamos para o perigo que pode representar para a democracia e para
a liberdade de expressão a aprovação de qualquer projeto de lei sobre esse
tema, de forma sumária e sem que estas formas de participação e diálogo amplo
sejam produzidos.
Assinam
este manifesto:
Entidades
Confederação
Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares
(CONTAG)
Centro
de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
Associação Brasileira de Imprensa
Abraço - Associação Brasileira de Rádios Comunitárias
Federação Nacional dos Jornalistas
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Núcleo Piratininga de ComunicaçãoUnião da Juventude Socialista - UJS
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB
Confederação Nacional das Associações de Moradores - Conam
Agência de Notícias das Favelas
União da Juventude Socialista - UJS
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB
Confederação Nacional das Associações de Moradores - Conam
União de Negras e Negros pela Igualdade - UNEGRO
Associação Brasileira de Imprensa
Abraço - Associação Brasileira de Rádios Comunitárias
Federação Nacional dos Jornalistas
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Núcleo Piratininga de ComunicaçãoUnião da Juventude Socialista - UJS
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil - CTB
Confederação Nacional das Associações de Moradores - Conam
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União da Juventude Socialista - UJS
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Confederação Nacional das Associações de Moradores - Conam
União de Negras e Negros pela Igualdade - UNEGRO
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Jornalistas/Individuais
Altamiro
Borges - presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé
André Fernandes - Fundador da Agência de Notícias das Favelas
Antônio Martins - Editor do Outras Palavras
Aquiles Lins - jornalista, editor do Brasil 247 e doutorando em Ciência Política
Denise Assis - jornalista e colunista do 247
Fernando Morais - escritor e autor do blog Nocaute
Florestan Fernandes Jr - jornalista
Heloisa Toledo - diretora de teatro
Hildegard Angel - jornalista
Inácio Carvalho - Editor do Portal Vermelho
Jeferson Miola - jornalista
José Reinaldo de Carvalho - jornalista
Juarez Tadeu de Paula Xavier - docente do curso de jornalismo da Universidade Estadual Paulista
Juca Kfouri - jornalista
Kiko Nogueira - Editor Diário do Centro do Mundo
Laura Capriglione - Fundadora dos Jornalistas Livres
Laurindo Leal Filho - jornalista e professor aposentado
Leonardo Attuch - Editor do Brasil 247
Marcelo Auler - jornalista
Marcia Tiburi - filósofa
Miguel do Rosário - Editor do Cafezinho
Miguel Paiva - jornalistas pela Democracia
Patricia Smaniotto - jornalista
Paulo Salvador - da Rede Brasil Atual
Rafael Duarte - Agência Saiba Mais
Renata Mielli - jornalista, coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
Renato Aroeira - cartunista e músico
Rodrigo Vianna - jornalista
Sergio Lirio - redator-chefe da Carta Capital
Sergio Mamberti - Ator e dramaturgo
Silvio Caccia Bava - Editor do Le Monde Diplomatique Brasil
Teresa Cruvinel - jornalista
Vanessa Martina Silva - Editora da revista Diálogos do Sul
Ademir Wiederkehr - jornalista e Secretário de Comunicação da CUT/RS
Érica Aragão - jornalista e radialista
André Fernandes - Fundador da Agência de Notícias das Favelas
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Aquiles Lins - jornalista, editor do Brasil 247 e doutorando em Ciência Política
Denise Assis - jornalista e colunista do 247
Fernando Morais - escritor e autor do blog Nocaute
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Renata Mielli - jornalista, coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
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Ademir Wiederkehr - jornalista e Secretário de Comunicação da CUT/RS
Érica Aragão - jornalista e radialista
Barack
Fernandes – Jornalista e comunicador popular
Maricélia Pinheiro de Almeida - jornalista do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre.
Maricélia Pinheiro de Almeida - jornalista do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Porto Alegre.
Fonte: CONTAG
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