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Bruno Kelly / REUTERS
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Já se passaram mais de dois meses da chegada do primeiro caso de
coronavírus no Brasil, a doença foi mostrando a sua cara e a sua alta
capacidade de expansão. Por ter sido trazida de outros países, uma das suas
principais características foi atingir primeiro a classe média/alta e forte
presença nos grandes centros urbanos, principalmente aqueles com maior
densidade demográfica.
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De acordo com a leitura da tabela,
destacam-se:
1. A Região Sudeste apresenta maior número de casos infectados com
47,58%. Na região predomina os estados de São Paulo com 66,00% e Rio de
Janeiro com 23%. Observa-se que 37% dos casos da região já atingem municípios
do interior do estado.
2. Em segundo lugar vem a Região Nordeste com 30%, com predominância
para os estados do Ceará com 32%, Pernambuco com 24%, Maranhão com 14% e
Bahia com 11%. Nesta região 25% dos casos já chegaram aos municípios do
interior.
3. Em terceiro lugar vem a Região Norte com 15% dos casos infectados,
com predominância para os estados da Amazônia com 46%, Pará com 28% e Amapá
com 10%. Nesta região os casos infectados já atingem 44% dos municípios do
interior.
4. Região Sul aparece com 5%. Esta região demonstra certo equilíbrio,
Santa Catarina com 44%, Rio Grande do Sul com 32% e Paraná com 24%. Nesta
região, os casos de infectados atingem 80% dos municípios do interior.
5. Por fim, a Região Centro-Oeste aparece com 3% dos casos infectados,
assim distribuídos: Distrito Federal com 55%, Goiás com 27%, Mato Grosso com
10% e Mato Grosso do Sul com 8%. Nesta região, os casos de infectados atingem
20% dos municípios do interior.
6. Quanto aos números de óbitos, os estados mais afetados foram: São
Paulo com 36%, Rio de Janeiro com 14%, Ceará com 10%, Pernambuco com 9%,
Amazonas com 9%, Pará com 4,40%, Maranhão com 4,5% e Bahia com 1,8%.
7. Ressalta-se que os dados não refletem a realidade, visto que, os
testes realizados no Brasil acontecem apenas nos casos de infectados e, na
grande maioria, nos mais graves. Uma pesquisa, em andamento, realizada pela
Universidade Federal de Pelotas no Estado do Rio Grande do Sul, revelou que,
no Estado do Rio Grande do Sul, o número da população infectada pela Covid-19
é 12 vezes maior que o número de infectados apresentados oficialmente pelo
Governo do Estado.
8. Os dados das últimas semanas apontam para o pico da Covid-19 no
Brasil e preocupa quanto ao número de mortes:
● Entre os dias 17 de março a 10 de abril (24 dias), foram 1.014 mortes,
média de 44 por dia;
● Entre os dias 10 a 17 de abril (7 dias), foram 1.085 mortes, média de
155 por dia;
● Entre os dias 17 a 23 de abril (6 dias), foram 1.172 mortes, média
de 195 por dia;
● Entre os dias 23 a 28 de abril (5 dias), foram 1.703 mortes,
média de 340 por dia;
● Entre
os dias 29 de abril a 3 de maio (5 dias), foram 2.008 mortes, média de 401,6
por dia.
● Entre os dias 4 a 6 de maio (3 dias), foram 1.511 mortes, média de 503
por dia.
Fonte: Secretarias Estaduais de Saúde/Ministério da Saúde - dia 06
de maio às 20:00.
No caso específico de infectados no meio rural, pesquisando os sites
de todas as Secretarias Estaduais de Saúde, não foi possível identificar o
registro de pessoas infectadas no meio rural, não pelo fato de não existir,
mas pela ausência do recorte dos infectados no campo nos instrumentos de
sistematização e de comunicação dos órgãos oficiais dos governos.
Porém, em consulta às 27 Federações filiadas à CONTAG, a maioria
relatou a presença de pessoas infectadas pela Covid-19 no meio rural
brasileiro. A tabela acima indica que 37% dos municípios, localizados no
interior do Brasil, já contam com a presença do novo coronavírus, primeiro
passo para a inserção do vírus nas comunidades rurais.
Dentre os relatos das 27 Federações sobre a chegada do vírus ao meio rural,
dois fatores têm contribuído fortemente para a contaminação nestes espaços: o
primeiro trata do deslocamento de pessoas dos grandes centros urbanos, ora
com medo de contrair a doença, ora por falta de alternativa econômica, que
têm se deslocado para as áreas rurais e, levando com elas, o vírus para essas
regiões; e o segundo pelo deslocamento dos agricultores e agricultoras
familiares para os centros urbanos na busca de comercializarem seus produtos,
nas feiras livres que ainda funcionam e nas centrais de abastecimentos e
comercialização a partir do contato com os consumidores.
A partir desses dados, a secretária de Políticas Sociais da CONTAG,
Edjane Rodrigues, destaca a falta de informações sobre dados oficiais do
número de infectados no meio rural, como também da falta de infraestrutura
física (hospitais equipados, em especial com leitos de UTIs), aliado à falta
de profissionais de saúde (em número suficiente e com
qualificação), para o atendimento dos casos de Covid-19 no meio rural.
“Diante desse cenário, nós da CONTAG, que representamos milhões de
agricultores(as) familiares de diversos cantos deste País, conclamamos aos
gestores estaduais e municipais empenho para duas questões que julgamos
essenciais: primeiro que incorporem nos sites das Secretarias Municipais e
Estaduais de Saúde dados sobre o número de infectados no meio rural; e,
segundo, que assegurem as condições necessárias para garantir as ações de
prevenção e, quando necessário, atendimento das pessoas infectadas pelo
coronavírus no meio rural”, relata Edjane Rodrigues.
O presidente da CONTAG, Aristides Santos, complementa que outra
preocupação da CONTAG diz respeito à subnotificação dos casos. “Essa
possibilidade de o número real de infectados ser 12 vezes maior que o
divulgado nos assusta muito. É preciso que o governo federal invista na
realização da testagem em massa e que os municípios do interior e comunidades
rurais também sejam beneficiados”, cobra Aristides Santos.
Essa questão das subnotificações dos casos também preocupa os
quilombolas. Givânia Silva, da Coordenação Nacional de Articulação das
Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), disse já tem o registro de 17
óbitos de quilombolas por Covid-19 em 8 estados brasileiros, sendo a maioria
dos casos na Região Norte, mas acredito que o número seja bem superior.
A dirigente do Conaq destacou, ainda, que a tendência é a situação se
agravar pela falta de estrutura de saúde, de fornecimento de água e
saneamento nos municípios do interior e nas comunidades rurais, bem como a
falta de atuação do Estado nessas localidades e, principalmente, com os povos
quilombolas. “A doença já está interiorizada, infelizmente. Teremos pela
frente tempos duros. Além de enfrentarmos essa situação e a subnotificação, o
Estado cria políticas ainda mais excludentes. O governo precisaria pensar em
outras formas de solicitar o auxílio emergencial, por exemplo. Não temos
internet e celular nas comunidades quilombolas. Então, as pessoas precisam se
dirigir a uma agência bancária, acabam se contaminando e trazendo o vírus
para a comunidade”, alerta Givânia Silva.
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Fonte: Secretaria de Políticas Sociais e Comunicação da CONTAG.
Atenção! No próximo Programa "A Voz do Trabalhador -
Homem do Campo - Sábado (16/05), ás 11 horas este assunto será abordado!
Fiquem ligados!" - Eduardo Vasconcelos, assessor de
comunicação do STRAF - Nova Cruz/RN e radialista.
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