Havana, 19 ago (Prensa Latina) Cerca de 95% dos alimentos na Terra provem de maneira direta e indireta dos solos; mas esse substrato natural é hoje a cada vez mais deficiente, advertem estudos internacionais.
Segundo as Nações Unidas, aproximadamente um terço dos terrenos dar sinais de degradação devido a processos erosivos, perda de carbono orgânico, salinização, compactação, acidificação e contaminação química, o que eleva a volatilidade dos preços alimentares e condiciona o êxodo de milhões de pessoas procedentes do campo.
Mais de dois mil cientistas de diversos países analisaram o tema em um recente Congresso Mundial de Ciências do Solo, convocado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
Melhorar a saúde dos solos é essencial para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluído a Fome Zero e a luta contra a mudança climática e suas consequências, considerou o diretor geral da FAO, José Graziano dá Silva.
A julgamento do organismo, a sociedade humana em seu conjunto depende hoje bem mais dos produtos do solo, bem como dos serviços intangíveis que proporciona para a manutenção da biosfera; no entanto, não há um entendimento cabal dessas conexões essenciais.
Para além do impacto no meio ambiente, a contaminação tem também um elevado custo econômico, devido à redução dos rendimentos e a qualidade dos cultivos, apontou a fonte.
A degradação ‘crítica’ do solo coloca em situação de risco a 3 bilhões e 200 milhões de pessoas na terra, indicou a Sexta Plenária da Plataforma Intergovernamental em Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (Ipbes).
Na opinião do cientista Bob Scholes, as más práticas do homem e os estilos de vida de alto consumo empurram ao planeta para ‘a sexta extinção em massa de espécies’.
Para o especialista do Ipbes, ‘a degradação do solo é possivelmente o tema ambiental que afeta de maior maneira à população do mundo; dois em cada cinco pessoas veem-se significativamente afetadas em seu modo de vida em nosso tempo’, dimensionou.
Pelos cálculos da entidade, a maior parte da degradação daqui a 2050 ocorrerá na América Central, América do Sul, África subsaariana e Ásia, onde ainda existentes importantes quantidades de espaços cultiváveis.
Daqui há 30 anos, 4 bilhões de pessoas viverão em terras secas, e é provável que para isso então entre 50 e 700 milhões de indivíduos tenham recorrido à migração forçada por causa da degradação dos terrenos e a mudança climática, expôs Scholes.
A desertificação, pontuou a FAO, traz consequências em extrema gravidade para as populações pobres dos países em desenvolvimento, limita os benefícios que brinda a natureza e reduz a produção, em um palco mundial onde mais de 815 milhões de habitantes padecem de fome e mal nutrição.
De acordo com a Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação (Unccd, por suas siglas em inglês), nos próximos anos poderiam aumentar as ‘pressões do crescimento demográfico, a mudança climática, a urbanização, a migração e os conflitos à insegurança alimentar, energética e hídrica’.
Ao dizer da FAO, ‘presta-se demasiada atenção à recuperação depois das secas, no lugar de reduzir a vulnerabilidade’ pelo que é um problema essencial a falta de financiamento, preparação e coordenação.
A atenção dos solos deveria ser um veículo de prosperidade e paz, bem como uma contribuição essencial para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, coincidem a FAO e Unccd.
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Fonte: Pátria Latina
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