quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Eles não sabiam que Margarida era semente e se espalharia por todo o Brasil


“A gente não tem como esquecer (...) É uma data dolorosa, lembro da amiga, da líder sindical, da mulher que lutou em prol dos direitos das trabalhadoras(es) rurais”.

O depoimento é de Maria da Soledade, amiga de Margarida Maria Alves, que há 35 anos (no dia 12 de agosto de 1983) foi assassinada covardemente por um pistoleiro, a mando dos usineiros do brejo paraibano. O crime bárbaro tinha um único objetivo: silenciar a voz da sertaneja que reivindicava pelos direitos trabalhistas. No período que esteve presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande-PB, Margarida moveu mais de 73 ações contra as usinas de cana de açúcar da região.

Foto: EBC

Soledade conheceu Margarida em Alagoa Grande em 1975, quando se associou no Sindicato (STTR). A partir desse momento lutaram juntas pelos mesmos direitos e na militância sindical. Emocionada, Soledade compartilha o trecho de um poema que escreveu quando soube da morte da amiga. “Dia 12 de agosto nasceu um sol diferente. Um aspecto de tristeza, o sol frio em vez de quente. Era Deus dando o sinal da morte de uma inocente (…) Jesus Cristo deu a vida pra redimir os pecados. Tiradentes pela pátria foi morto e esquartejado. Margarida na defesa dos pobres e necessitados”. Lembra Soledade, que estava no município de Cuité-PB, quando soube da triste notícia através do rádio. 


Nos 35 anos do assassinato de Margarida Alves, lembramos que a heroína do sertão paraibano, empresta seu nome e sua luta histórica para a maior ação de massa das mulheres brasileiras: a MARCHA DAS MARGARIDAS! Realizada pela CONTAG e várias organizações parceiras, em 2019 a Marcha das Margaridas se afirma como espaço de luta protagonizado pelas mulheres do campo, florestas e águas, por um Brasil com Soberania Popular, Democracia, Justiça, Igualdade e Livre de Violência.

Foto: Comunicação CONTAG - César Ramos

“Agosto é um mês simbólico, de afirmação da nossa luta inspirada na vida militante de Margarida Alves. O caminhar de Margarida nos impulsiona a continuarmos mobilizadas, em resistência e com muita força para construirmos nossa 6ª edição da Marcha. Tiraram sua vida, mas deixaram espalhadas sementes de Margaridas pelo Brasil que têm certeza que vale a pena lutar pelos direitos dos povos do meio rural”, afirma a secretária de Mulheres e coordenadora geral da Marcha das Margaridas 2019, Mazé Morais.

Foto: Lucivaldo Sena

A secretária de Mulheres da CONTAG ainda abre uma reflexão sobre o papel da “Justiça”, que segundo ela sempre fica do lado da classe alta, e em defesa dos seus benefícios próprios. 

“Nesse dia penso nas mortes de Margarida Alves, de Pedro Teixeira, de Padre Josimo, entre outros mártires que lutaram por uma vida mais digna no campo brasileiro. Penso na ‘Justiça’ quase sempre injusta com os menos favorecidos, que mantém preso sem provas o ex-presidente Lula, o presidente que mais promoveu inclusão social no Brasil. Juízes que defendem um salário de 39 mil para magistrados, enquanto no País aumenta para 12 milhões o número de pessoas passando fome. Contra todas as formas de injustiças que pesam principalmente contra a vida das mulheres, seguiremos em Marcha”, afirma Mazé Morais.

A Marcha das Margaridas ocorreu pela primeira vez em 2000, e segue com seu caráter de denúncia e resistência. 

Viva à luta de Margarida!
Somos todas Margaridas!
#RumoaMarchadasMargaridas2019

DOCUMENTÁRIO: NOS CAMINHOS DE MARGARIDA

Mais informações sobre a vida de Margarida Maria Alves assista AQUI no vídeo-documentário produzido pela CONTAG: NOS CAMINHOS DE MARGARIDA
 

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