Como o direito à alimentação é um direito humano fundamental, a
Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda, por meio da Estratégia Global
para a Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, que os
governos formulem e atualizem periodicamente diretrizes nacionais sobre
alimentação e nutrição. Essa formulação e a sua atualização devem levar em
conta mudanças nos hábitos alimentares e nas condições de saúde da população
e o progresso no conhecimento científico. O Brasil, seguindo a orientação da OMS, publicou em 2006 o Guia
Alimentar para a População Brasileira, que tem como objetivo melhorar os
padrões de alimentação e nutrição da população e contribuir para a promoção
da saúde, vinculados à Política Nacional de Alimentação e Nutrição. O Guia fornece
informações para facilitar a adoção de escolhas alimentares mais saudáveis em
uma linguagem que seja compreendida por todas as pessoas e que leve em conta
a cultura local. A segunda edição do guia passou por um processo de consulta
pública, que permitiu o seu amplo debate por diversos setores da sociedade e
orientou a construção da versão final. Agora, o atual governo pretende fazer
uma nova revisão, no entanto, a partir da divulgação de nota técnica do
Ministério da Agricultura (Mapa) no dia 17 de setembro, a CONTAG ficou
preocupada com o indicativo do Mapa de que a indústria de alimentos também
precisa ser ouvida e com o pedido para que seja retirada do Guia a
classificação que se refere aos alimentos ultraprocessados. “Para a CONTAG,
essa tentativa de dar fim a essa classificação e de colocar a opinião da
indústria de alimentos é mais uma demonstração do governo de negar a ciência,
os impactos da má alimentação na vida das pessoas e priorizar o aspecto
econômico quando o mais importante deveria ser o sanitário e de orientar uma
alimentação saudável para a sua população”, avalia o secretário de Política
Agrícola da CONTAG, Antoninho Rovaris. Além da fome, a má nutrição é um problema alarmante no mundo e
também no Brasil, onde o número de pessoas má nutridas já é maior que o
número de pessoas que passam fome. A principal consequência direta de uma
alimentação inadequada é a obesidade, provocada em grande escala pelo consumo
de produtos ultraprocessados, justamente aqueles que o Mapa pretende esconder
no guia. Em tempos de pandemia por Covid-19, as pessoas com obsedidade estão
sujeitas a maiores índices de comorbidade, por estarem mais susceptíveis a
doenças crônicas como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos. Portanto, mais uma vez, a CONTAG reforça a importância da
agricultura familiar para o País, sendo responsável pela produção de mais de
70% dos alimentos que chegam às mesas dos brasileiros e brasileiras
diariamente. “Nós, sim, precisamos ser ouvidos e não a indústria de
alimentos. E a produção de alimentação saudável é uma das nossas principais
bandeiras de luta na atual conjuntura, pois articula modelos sustentáveis de
produção, redução de uso de agrotóxicos e aproximar quem produz de quem
consome”, destaca Rovaris. |
FONTE: Assessoria de Comunicação da CONTAG - Verônica Tozzi |
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